Honmon Butsuryu-Shu
"Pessoas que desconhecem
a existência da lua no céu,
acham que seu reflexo na água
é a imagem verdadeira"
Um dos objetivos do Budismo Primordial é evidenciar, ensinar sobre a existência do Buda Primordial, origem de todos os Budas e fonte de toda a e existência. No capítulo 'Vida incomensurável de Buda' (16° capítulo) do Sutra Lótus, consta que, o Buda Shakamuni, na verdade já havia atingido a iluminação num passado remoto. Ou seja, que sua verdadeira identidade era a de Buda Primordial.
Nós do Budismo Primordial, praticamos a fé nos baseando unicamente nos ensinos primordiais (Honmon) onde Buda assume essa identidade, e não nos demais ensinamentos. Portanto, vamos esclarecer aqui sobre os ensinamentos primordiais e a identidade do Buda Primordial.
Em várias pregações de Sutras budistas surgem nomes de vários Budas, que nos fazem pensar ser numerosos. Porém, precisamos compreender que são apenas manifestações de um único e verdadeiro Buda Primordial. Tais emancipações são manifestações de Buda que, de acordo com a necessidade, surgiram no decorrer da história e ensinamentos pregados por Buda. Tais Budas, por sua vez, quando terminam suas obras, imediatamente retornam ao interior do corpo do Buda Primordial. É por ir e voltar que são chamados de 'Budas Transitórios'. Não podem ser alvo de veneração, tal como o verso acima descreve. Pois, representam apenas o reflexo de uma verdadeira imagem.

Há a palavra que diz (Shakuta hon-itsu) "Transitórios são muitos, Primordial Um só". Ou seja, por mais que pareçam ser muitos Budas e divindades pregadas, todos compõem um corpo só ao retornarem ao corpo do Buda Primordial. Devemos estar sempre atentos em relação a esta concepção primordial.
Os ensinamentos do Buda Primordial são chamados de Ensinamentos do Caminho Primordial do Sutra Lótus. Por outro lado, ensinamentos proferidos por Budas ou entidades transitórias são chamados de Ensinos Provisórios.
Provisório (Shaku), significa "rastro", ou seja, se há rastro, há um corpo que o deixou. São rastros que nos levam ao encontro do Buda Primordial. Podemos entender o significado da palavra provisório como sombra. Não há sombra sem corpo. O provisório é como se fosse a revelação de uma foto em relação ao verdadeiro objeto fotografado.
Não só a existência dos Budas Transitórios como também tudo que por eles foi pregado, uma vez terminada a jornada, tudo regressa, volta a incorporar o corpo (interior) original do Buda Primordial.
Esses procedimentos são subdivididos em três e são chamados de:
1. A abertura do Primordial emancipa o provisório. (Hon kara shaku o tareru koto)
2. A abertura do provisório revela o Primordial. (Shaku o hiraite Hon o arawassu koto)
3. A exclusão do provisório estabelece o Primordial. (Shaku o haishite Hon o tateru koto)
Simplificando seria: Extrair o provisório do Primordial. Abrir o provisório e revelar o Primordial e eliminar o provisório e estabelecer o Primordial.
O sentimento do Buda Primordial é a infinita e incondicional compaixão a todos os seres. Por isso é dito "Enquanto não acabar a lenha, o fogo também não acaba". Ou seja, enquanto nós existirmos (lenha) a chama (a compaixão do Buda Primordial) existirá eternamente dentro de nós e atuará justamente por nós.
O Mestre Tendai coloca isso da seguinte forma:
"Por nós o Buda Primordial sempre se revela, é sempre completo, não tem começo nem fim." (Dyouken dyouman mushi mudyuu). A vida eterna do Buda Primordial existe e simboliza a sua eterna salvação sobre nós.
Contudo, o Buda Primordial apesar de ser este corpo que se revela e está presente em todo o universo de forma dármica, transita constantemente do estado "efeito" para o estado "causa". Ou seja, não fica inerte, e desenvolve constantemente seu lado prático (causa) em que pela prática do caminho de Bodhisattva objetiva constantemente a iluminação de todos os seres.
O "estado efeito" do Buda Primordial é chamado de "Efeito Místico Primordial"(Hongamyou) e o "estado causa" do Buda Primordial é chamado de "Causa Mística Primordial" (Honninmyou). E justamente quem possui e representa estes dois estados é o Buda Primordial.
Seu lado efeito é representado pelo seu ser iluminado e o seu lado causa é representado na plenitude da ação de um Bodhisattva (Ser altruísta que almeja a iluminação ao mesmo tempo que conduz os outros também).
Em outras palavras, por essa interpretação pode se dizer que, no exato momento em que um Buda atinge a iluminação, imediatamente regressa ao seu estado causa. Só assim legitima sua condição iluminada, salva os seres e também, por isso, pode ser alvo da nossa veneração. É assim que atua permanentemente o Buda Primordial e vai completando purificação do universo dármico.
Do nosso lado, entendemos que, ao invés de venerar o Buda apenas em seu estado efeito e absoluto, venerá-lo através da causa que o coloca do nosso lado, sempre oferecendo a sua misericórdia, é muito mais nobre. Porque, por ele representar o nosso verdadeiro mestre também nos motiva a praticar exatamente tal como ele. Assim sendo, nosso alvo de veneração não é algo abstrato; mero resultado, simplesmente absoluto ou distante de nós.
O ideal numa crença religiosa é que por um lado haja um ser supremo nos lançando à rede da salvação e que por outro lado, ele também busque constantemente a salvação mútua. Ou seja, aquele que devemos ter como único objeto e alvo de veneração, que é o ser supremo e perfeito que nos salva, também é o nosso modelo de prática. Esse é o ideal de um ser "venerável", o Buda Primordial, pois, possui estes dois estados simultâneos.
Quando Buda Primordial revela seu lado efeito exteriormente e apenas incorpora seu lado causa, é o Buda histórico que conhecemos, que em sua era pregou o Caminho Primordial e concedeu a bênção da colheita (Dattyaku) a todos os contemporâneos. É o Buda que se revela como Efeito Místico Primordial.
Quando é externado seu lado causa e interiorizado seu lado efeito, então se torna no Jyougyou Bossatsu da causa mística primordial, mestre que conduz todos os seres da era mappou à iluminação, semeando-lhes a causa essência e semente da iluminação, o Odaimoku (Namumyouhourenguekyou).
O Sutra Lótus por sua vez, quando pregado pelo Buda Primordial externa o Buda Iluminado, mas por detrás desse, encontra-se o Jyougyou Bossatsu. Quando colocados dessa forma são ensinos primordiais voltados para era e seres contemporâneos de Buda.
Todavia, quando ao invés da iluminação de Buda, vir à tona a Causa Mística Primordial fundamentada na prática da fé do Sutra Lótus do Caminho Primordial, então temos um ensinamento destinado a nós da era mappou. E por um mestre exclusivamente nosso, Jyougyou Bossatsu, encarregado pelo Buda Primordial para semear em nossos corações a causa essência e semente da iluminação. Essa inserção da semente que recebemos em nossos corações corresponde a única bênção que podemos receber e ao modo correto de praticarmos a fé que nos envolve ao Buda Primordial.


Devido a essa mudança de perfil de personagens, de acordo com as circunstâncias precisamos verificar qual lado de Buda é que está pregando e qual o público alvo, para não confundirmos a maneira de veneração.
"Causa Primordial" significa o fato principal que ocasiona a iluminação, é a semente que incorpora o ser completo de Buda, corpo real da sabedoria búdica e totalidade da iluminação de Búdica. Representa os Três Mil Mundos Instantâneos da fé.
Estes Três Mil Mundos Instantâneos da fé, no final dos oito primeiros capítulos do caminho primordial do Sutra Lótus (15° ~ 22°) foi incorporado ao Namumyouhourenguekyou e entregue pessoalmente ao Jyougyou Bossatsu para transmitir e semear em nossos corações através da oração.
A sabedoria do Buda Primordial, a semente de Buda como sendo os Três Mil Mundos Instantâneos, foi baseada intelectualmente por Tendai, ao passo que Nitiren como renascimento de Jyougyou Bossatsu buscou a compreensão através da incorporação da causa essência e semente da iluminação pelo processo da fé, o único método possível de inseminar à iluminação, pela oração em nossa era.
É devido a aparentemente alguns pequenos detalhes que o Budismo Primordial diferencia-se grandiosamente de todas as demais ramificações religiosas, não só ocidentais como também às orientais e budistas.
O budismo Primordial acredita que "Deus" existe e é um só. Mas da forma apresentada como sendo Buda Primordial e de nenhuma outra maneira e muito menos fragmentada. É importante evitarmos comparações levianas e confusões. Principalmente quando as pessoas dizem que Deus é um só e que é tudo igual, precisamos ter esta postura, para podermos orientar as pessoas sobre a verdadeira identidade daquele que recebemos como divindade máxima que é o Buda Primordial.
O Buda Primordial não veio ao mundo; sempre esteve. Não é o criador do mundo, é o mundo e universo antes mesmo dele existir. Não se manifesta se opondo a "Deus" ou às pessoas, mas sim se sobrepõe, nos conduz e nos salva incondicionalmente.
Fonte: Izumi Sensei Tyossakushuu V.5. p.325 Kyougaku Nyuumon kaitei
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