quinta-feira, 9 de julho de 2015

Animais de Poder



Mergulhe na cultura milenar Xamânica. Dentro do Xamanismo, a figura do Animal de Poder tem uma conotação muito importante e profunda. Cada pessoa pode ter afinidade com um ou mais animais de poder, sendo que cada um está ligado a aspectos diferentes.

ABELHA:

Comunicação, trabalho árduo com harmonia, néctar da vida, organização. Expressa a necessidade de melhorar sua comunicação com o plano sutil, com a riqueza material, com a fartura. É preciso procurar mais as coisas do espírito, deixando um pouquinho a sua maneira obsessiva de organização.

ÁGUIA:

A iluminação, a visão interior, invocada para poderes xamânicos, coragem, elevação do espírito a grandes alturas; é o símbolo do espírito. A águia nos ajuda a ver a vida num contexto mais amplo, permitindo-nos tomar decisões e definir metas com clareza e objetividade. Um dos símbolos mais bonitos dessa poderosa ave é fornecido pelos índios pueblos. Eles acreditam que a águia veio dos céus. Com habilidade para passar por uma espiral através de um buraco no firmamento, ela veio de seu lar, o Sol. Ela nos mostra que devemos planar acima dos acontecimentos mundanos, vendo tudo de cima; nos auxilia a abandonar os aspectos superficiais e ver realmente o tamanho que as coisas possuem.

Para os xamãs, a águia é sempre um aviso de iniciação ou uma jornada espiritual, representa uma grande mudança na vida. As penas da águia são consideradas o mais sagrado instrumento de cura. Elas têm sido usadas durante séculos por xamãs para purificar as auras dos pacientes vindos a eles para se curar. 

Se a águia majestosamente planou nas visões, você está sendo colocado na notificação para ligar-se ao elemento ar. O ar é do plano mental e neste instante é a mente superior. Sabedoria vem em formas estranhas e curiosas e é sempre relacionada à força criativa do Grande Espírito.

ALCE: 

O alce americano, ou caribú para os xamãs, manda fazer cursos, estudar mais e reavaliar com antecedência o seu futuro, premeditar. Usar mais a auto-estima, defendendo-se das invejas e ofensas com sabedoria. Resistência, auto-confiança, competição, abundância, responsabilidade.

ANTÍLOPE:

A medicina do antílope é o conhecimento do círculo da vida. Conhecendo a morte, o antílope pode realmente viver. Ação é a chave e essência do viver. Se você se sente bloqueado, chame a medicina do antílope. O antílope fala faça agora, não espere mais. Tome coragem e pule, seu senso de ritmo está perfeito. O antílope significa ação inteligente.

ARANHA:

A mensagem mais importante da aranha é que você é um ser infinito que continuará a tecer os modelos da vida e vivendo inteiramente o tempo. Foi o primeiro ser vivo que desenhou a mandala. É o símbolo da criatividade e das artes em geral. Traz prosperidade em tudo o que faz. Criatividade, a teia da vida, manifestação da magia de tecer nossos sonhos.

ASNO:

Agradeça à Deus por tudo, não reclame da vida e dos fardos que carrega. Afinal você os escolheu... Aprenda sozinho a se livrar deles. Saiba que a porta da entrada é a mesma da saída. Cuide mais do seu comportamento, ande no seu caminho e vá à luta. Não estacione e pare de transferir karmas para si mesmo.

BALEIA:

As baleias carregam todos os registros da Mãe Terra e da Mãe Água. Pede para se preocupar mais com o interno do que com o externo. Ela emite sons que equilibram o corpo emocional; simboliza: origens. 

BEIJA-FLOR:

Os beija-flores parecem ter a vibração mais alta e suave da Natureza. São as únicas aves que voam em qualquer direção, para cima, para baixo, para trás e para os lados. Devido à rapidez com que batem as asas, parecem aos nossos olhos estar completamente imóvel no ar. O beija-flor nos estimula a encontrar a doçura e a alegria de cada situação. Se o beija-flor tem voado nas suas visões, prepare-se para rir musicalmente e apreciar muitos presentes do Criador. Mensageiro da cura, amor romântico, claridade, graça, sorte, suavidade, alegria e entusiasmo. 


BORBOLETA:

A borboleta nos ensina a perceber todas as etapas necessárias a uma verdadeira transformação, interna ou externa.

Ela passa por vários estágios, de ovo para larva, desta para casulo. E finalmente nasce. Com isso, ela nos ensina que os estágios são importantes, indispensáveis, para que não se pule de fase sem a devida atenção ao que está sendo feito. Devemos ter sempre clara a idéia de eterno ciclo de autotransformação. Clareza mental, novas etapas, liberdade.

BOI:

Lute honestamente pelo que é seu e saiba que na vida nada se compra, as coisas devem ser conquistadas. O boi alerta que deve parar com teimosias, precisa movimentar seu corpo, não esperando que os outros façam tudo por você. Durma menos, movimente-se e medite.

BÚFALO:

Os xamãs e índios norte-americanos chamam-no de totanka. Considerado como guardião dos segredos, sabedoria ancestral, tolerante, procura a paz e defende sua prole. Muitos animais são sagrados, mais para a maioria das tribos indígenas o búfalo é o mais sagrado entre eles. 


Sempre foi reverenciado como símbolo da abundância, o que nos lembra das preces de agradecimento ao Alto por tudo o que temos nesta vida. Pois o sinal que o búfalo nos dá é de que nada se consegue aqui sem a ajuda do Criador de todas as coisas e de que precisamos nos sentir humildes em sua expressão mais profunda para aceitar e receber a fartura. Sabedoria ancestral, esperança, espiritualidade, preces, paz, tolerância. 


CABRA:


Nutrição do corpo e da alma, sabedoria para achar seu alimento corporal e espiritual. Pare de ficar dando cabeçadas nas pedras ou paredes, pois são duras. A cabra ensina que você pode despertar sua mente com exercícios de respiração e meditação. Determinação para atingir o topo da montanha, brincadeiras.

CACHORRO:

A primeira coisa que nos vem à mente ao ver um cachorro é o que ele melhor simboliza: a lealdade. E isso nos faz pensar em como estamos fluindo na vida nesse aspecto. Estamos sendo leais a nós mesmos, a nossos ideais e valores? Estamos trabalhando em equipe, com lealdade a seus propósitos?
Se o cachorro apanhou ou levou uma bronca, ele ainda retorna amoroso para a pessoa que foi a fonte do seu maltrato. Isto não advém de ser estúpido, mas de uma profunda e compassiva compreensão dos defeitos humanos. É como se houvesse um espírito tolerante habitando no coração de cada canino que requer somente estar de serviço. Lealdade, habilidade para amar incondicionalmente, estar a serviço. 

CAMELO: 

Quebre um pouquinho sua auto-resistência e se sentirá mais vivo e feliz. O camelo é tolerante, calmo, trabalhador incansável e grande amigo da rotina. Conservação, resistência, tolerância. 

CANGURU: 


Você terá uma satisfação enorme, sentirá sua utilidade e entenderá sua missão. Dedique-se a serviços voluntários, principalmente no trabalho com criança. Tem muita coragem para seguirem frente nos momentos de fraqueza. Proteção maternal. 

CAPIVARA:

O mesmo que o javali, porém com manias de perseguição. Trabalhe o medo, parando de levar sustos por quaisquer coisinhas ou barulhinhos no seu ambiente. 

CARNEIROS:

Pare de confiar nos outros e fique mais atento, olhe para os lados e tente diagnosticar os perigos, antes que caia nas armadilhas dos lobos. Pureza, inocência, mansidão, o carneiro ajuda a levar ao encontro dos sonhos. 


CASTOR:

O castor é o executor do reino animal. Ele nos dá a grande lição do fazer, assim como nos ajuda a incorporar um forte senso de família e de lar. Com o castor, aprendemos como construir nossa vida com segurança, alegria, estratégia e equilíbrio. Na construção do seu lar, o castor sempre deixa para si muitas rotas alternativas de fuga. Na prática é uma lição a todos nós, para não ficarmos num beco sem saída. 

CAVALO:

Os índios americanos diziam: Roubar cavalos é roubar poder! Esse sempre foi o símbolo maior com que se representou o cavalo nas culturas antigas, o poder. O verdadeiro poder é a sabedoria achada na lembrança da sua jornada inteira. A sabedoria vem de lembrar caminhos que você tem andado nos sapatos de outra pessoa. Poder interior, liberdade de espírito, viagem xamânica, força, clarividência. 

CAVALO ALADO:

Desejo de elevação, transmutação, beleza, viagem astral, novas aventuras, mistério, fascínio.

CENTAURO:

Você agora já está pronta às curas, porém continue sendo humilde. Cuidado com a boca, com a pressa e os exageros. Vá devagar. Instinto animal, ligação homem-animal, anarquia, sexualidade, fertilidade, conhecimentos de cura (Quiron). 

CISNE:

A medicina do cisne nos ensina a ser uno com os planos da consciência e confiar na proteção do espírito grande. Se você viu o cisne, ele conduz em tempos de estados alterados de consciência e de desenvolvimento das suas capacidades intuitivas. Graça, leveza, ver o futuro, fidelidade, vida, paz, tranqüilidade, poderes intuitivos e felicidade. 


COALA E PREGUIÇA:

Dedique-se mais aos estudos, você tem uma grande bagagem a ser despertada. Então a use para seu próprio benefício, aperte o passo. 


COBRA OU SERPENTES: 

A cobra sabe que terá de trocar de pele e se deixar transmutar, aceitando o que lhe acontece de novo. Simplesmente vamos mudando, assimilando idéias e inspirações. Quando notamos, não somos mais os mesmos. A serpente traz a força para nos adaptarmos a novas mudanças de vida. A força da medicina da cobra e a força da criação englobam a sexualidade, a energia psíquica, a alquimia, a reprodução e a imortalidade. Regeneração, sabedoria, sensualidade, cura e psiquismo. 


COIOTE:

O coiote sempre chama quando as coisas ficam sérias demais. Na tradição indígena, simboliza a capacidade de ver a si mesmo com distanciamento irônico. Ele nos anima a renovar a inocência, mesmo em meio ao caos da vida cotidiana. A acordar a sábia criança interior e responder ao mundo como ela o faria. Se você o tem visualizado, você pode ter certeza de que algum tipo de medicina está a caminho, pode ser para seu agrado ou não. Qualquer que seja, boa ou ruim, pode ter certeza de que fará você rir, mesmo que dolorosamente. Você também pode ter certeza de que o coiote ensinará uma boa lição a você sobre você mesmo. Malícia, artifício, criança interior, adaptabilidade, confiança, humor. 

COELHO OU LEBRE:

Considerado pelos povos indígenas o símbolo do sustento para o reino animal, o coelho também representa a inocência, fertilidade, medo, abundância, crescimento e agilidade. 

CONDOR:

Idem a águia, é um dos filhos do sol no Peru, representa o Mundo Superior. Pare de voar tão alto, mude, voe para mais longe, saia da rotina, não tenha medo das mudanças, proteja sua vida. Enquanto as águias voam mais alto e circulam na terra, procriando sua espécie em vários lugares, o condor não sai do seu habitat, que é a Cordilheira dos Andes. 

CORUJA:

A medicina da coruja é simbolicamente associada com clarividência, projeção astral e magia. Ela pode ver o que não vemos, e isso é a essência da verdadeira sabedoria. A coruja é chamada de águia noturna em muitas rodas medicinais. Tradicionalmente, a coruja senta no leste, o lugar da iluminação. A coruja pode trazer mensagens para você à noite, através dos sonhos ou meditação. Habilidades ocultas, ver na escuridão, a vigília, a sombra, sabedoria antiga. 

CORVO:

O corvo vive no vazio e não tem noção do tempo. Os antigos chefes contam que o corvo enxerga simultaneamente os três destinos passado, presente e futuro. O corvo imerge em luz e sombra, enxergando ambas as realidades internas e externas. Se o corvo aparece nas suas visões, você vê as leis do grande espírito em relação às leis da humanidade. O caminho primordial do verdadeiro corvo fala em ser atento às suas opiniões e ações. Esteja disposto a colocar em ação o que você fala, fale sua verdade, saiba sua missão na vida, e equilibre o passado, presente e futuro no agora. Mude a forma daquela realidade velha e torne-se seu futuro próprio. Guardião da magia, mistério, predições, mensageiro, dualidade, assistência. 

DRAGÃO:

Pode trabalhar tanto a densidade como a sutileza. Se usar para o mal, um dia ele te queima e te abandona, afastando da sua vida todos os animais de poder, ficando totalmente sem proteção. Toda escuridão vai tomar conta e você pode virar um doente mental. Potência e força viril, proteção, kundalini, calor, mensageiro da felicidade, senhor da chuva, fecundação, força vital. 


ELEFANTE:

Precisa mudar a rotina e parar de ficar andando sempre no mesmo caminho, acumule no seu trabalho outros conhecimentos. O elefante vai na frente, derrubando todos os obstáculos, para você passar sem medo. Simboliza a longevidade, inteligência, memória ancestral, ancestrais enterrados. 

ELEFANTE BRANCO:

Associe ao xamanismo e ao trabalho de cura búdico, como Reiki, Acupuntura, Medicina e todos os conhecimentos dos mestres do Oriente. Força, bondade, escolha de caminhos, ligações extraterrestres, mistério. 

ESQUILO:

O esquilo ensina você a planejar para frente, para o inverno quando as árvores estão despidas e as nozes há tempo desapareceram. A principal lição que o esquilo nos dá é guardar e estocar energia para o tempo em que dela precisarmos. Ele nos ensina a reservar algo para usar no futuro e a empregar, de maneira adequada, o tempo e a energia. Divertimento, planos futuros, reunião, observar o óbvio. 

ESTURJÃO:


Procure ser mais determinado nos seus objetivos. Perca o medo do rio, aprenda a nadar contra as correntezas, não ande nos cantos dos rios, pois poderá acabar virando presa de águias e ursos. Determinação, sexualidade, consistência, profundidade, ensinamento. 

FALCÃO:


É o mensageiro da vida e dos sonhos. Ao vermos um falcão voando em círculos, é aviso que estamos prontos para trilhar as jornadas xamânicas. É o grande espírito mandando mensagens para serem decifradas ou transcodificadas. Precisão, preces ao Universo, mensageiro, olhar em volta, abertura, observar à distância, oportunidades. 

FÊNIX:

Renascimento, fascínio, animal do Sol, imortalidade da alma, elevação, purificação. 



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quarta-feira, 8 de julho de 2015

Santo Eugênio, zelava pela salvação das almas



Um dado importante é que de cada três Papas, praticamente, um foi oficialmente declarado santo. Assim aconteceu com Santo Eugênio, que se tornou para a Igreja o homem certo para o tempo devido. Eugênio III nasceu no fim do século XI, em Pisa na Itália e, depois de ordenado, consagrou-se a Deus como sacerdote, até que abandonou todas suas funções para viver como monge.




O grande reformador da vida monástica – São Bernardo – o acolheu a fim de ajudá-lo na busca da santidade, assim como no governo da Igreja, pois inesperadamente o simples monge foi eleito para sucessor na Cátedra de Pedro. A Roma da época sofria com a agitação de Arnaldo de Bréscia, que reclamava instituições municipais com eleições diretas dos senadores, talvez por isso chegou a impedir a ordenação e posse de Eugênio, já que tinha sido eleito pelo Espírito Santo numa instituição de origem divina.

O Papa Eugênio teve muitas dificuldades no governo da Igreja, tanto assim que, teve de sair várias vezes de Roma, mas providencialmente aproveitou para evangelizar em outras locais como Itália e França. Além de promover quatro Concílios e lutar pela restauração dos santos costumes, Santo Eugênio zelou pela salvação das almas, com tanta dedicação, que passou por inúmeros sofrimentos.

Santo Eugênio, rogai por nós!


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terça-feira, 7 de julho de 2015

Budismo Tibetano


Quem foi Buda?


O Buda histórico nasceu ao norte da Índia no século VI a.C e recebeu o nome de Sidarta Gautama. Seu pai, Sudodana, governava o reinado dos Shakias e era casado com a rainha Maya.

Estudos astrológicos feitos quando Sidarta ainda era bebê previram que ele escolheria a vida de um asceta. Seu pai, determinado que o filho fosse o sucessor de seu trono, cercou-o com uma vida de riquezas. Sudodana nunca permitia que ele deixasse o palácio e atendia todos seus desejos. Sidarta cresceu cercado de pessoas jovens e saudáveis e, aos dezesseis anos, casou-se com Yasodara, uma princesa bonita e dedicada.



O mundo além dos muros do palácio


Já um pouco mais velho, Sidarta insistiu que o pai o deixasse passear fora do palácio. O rei deu instruções específicas ao cocheiro para que o príncipe somente visse coisas belas. Apesar da cuidadosa preparação, Sidarta encontrou, pela primeira vez, a dor da realidade humana.

Depois disso ele saiu do palácio várias vezes e, em cada um dos passeios, deparou-se com uma pessoa doente, um idoso e um cadáver. O testemunho da vulnerabilidade da vida humana deixou Sidarta triste e decepcionado. Ele, então, determinou-se a encontrar a completa liberdade do sofrimento.


Em busca da liberdade


Aos 29 anos, Sidarta abandonou a vida de príncipe e tornou-se um asceta em busca da verdade. Por seis anos, manteve uma vida de austeridade e seguiu os maiores mestres da Índia da época, estudando e aplicando seus métodos. Apesar do esforço e diligência, não encontrou a resposta para alcançar a completa liberdade do sofrimento.

Ele seguiu então para Gaia, um vilarejo indiano hoje conhecido como Bodigaia. Lá, após 49 dias e noites de meditação embaixo de uma árvore, alcançou o estado iluminado.


O que é Budismo?


Budismo, hoje, refere-se aos ensinamentos transmitidos no séc. VI a.C. por Sidarta Gautama, o Buda Shakiamuni. Em essência, Buda ensinou para as pessoas o caminho da sabedoria, isto é, como alcançar a completa liberdade do sofrimento, a iluminação. O potencial para se tornar um Buda é inerente a todos e, com desejo e empenho, é possível alcançar tal realização. Sabedoria ou prajna, em sânscrito, num sentido comum, significa natureza absoluta, “a mente em estado de absoluta normalidade”.

Em busca de sabedoria


Do ponto de vista do budismo, nossa mente não está no estado natural ou normal e, por isso, a percepção que temos de nós mesmos, dos outros e do universo é enganosa, confusa e ilusória. O propósito último do caminho é atingir o estado de sabedoria, de “normalidade”, a liberdade dessa percepção errônea que o budismo chama de ignorância.

Procurado por diversas pessoas, Buda ensinou de diferentes formas de acordo com a necessidade dos que o ouviam. Por essa razão, pessoas ou grupos diferentes receberam ensinamentos conforme o temperamento, personalidade, cultura, habilidade e conhecimento que possuíam.
Os Três Giros da Roda do Darma

A grande variedade de ensinamentos e métodos transmitidos por Buda Shakiamuni foi categorizada posteriormente como os “Três Giros da Roda do Darma”. “Darma” aqui é sinônimo de “ensinamentos do Buda”. Esses três discursos deram origem às três principais escolas budistas existentes hoje:

Hinaiana
Mahaiana
Vajraiana

Budismo Tibetano


Os ensinamentos de Buda Shakiamuni chegaram ao Tibete pela primeira vez no século V. Foi somente a partir do século VII, no entanto, quando o Rei Trisong Deutsen convidou da Índia o monge e erudito Shantarakshita e o Mestre Guru Padmasambava para construírem o Monastério de Samye (foto ao lado), que o budismo firmemente se estabeleceu no país das neves.

Durante a primeira fase de propagação do Darma no Tibete, surgiu a escola mais antiga do Budismo Tibetano, conhecida como Nyingma, palavra tibetana que significa “antigo”.

As quatro escolas


Posteriormente, após um período em que um dos reis tentou dizimar o budismo do país, houve um novo fluxo de mestres indianos e novas traduções de textos sagrados. Com isso formaram-se novas linhagens de práticas. Quatro escolas principais foram estabelecidas e são conhecidas até hoje:

Nyingma
Kagyu
Sakya
Gelupa

Através dos séculos, os ensinamentos de Buda Shakiamuni foram transmitidos de professor a aluno por meio das diferentes linhagens de práticas existentes nas quatro escolas principais. A pureza dos métodos se manteve porque os detentores dessas linhagens alcançaram realização e maestria das instruções recebidas.

Guru Rinpoche


É o mestre que levou a tradição do Budismo Vajraiana para o Tibete no século oitavo. Conhecido como o Senhor Nascido no Lótus, ele estabeleceu uma série de práticas para reduzir a negatividade em um Tibete majestoso, porém turbulento. Os ensinamentos de Guru Padmasambava têm sido mantidos puros até hoje. Eles permanecem tão vivos para os praticantes de hoje quanto foram há mil e duzentos anos atrás. As linhagens específicas de Guru Padmasambava praticadas nos centros do Chagdud Gonpa foram estabelecidas por Chagdud Rinpoche, ele próprio uma encarnação (tulku) de um dos vinte e cinco principais discípulos de Padmasambava.

Alguns livros recomendados

S.Ema. Chagdud Rinpoche Portões da Prática Budista. Traz os fundamentos da prática do Budismo Tibetano de forma ao mesmo tempo acessível e profunda.


Todos os livros de S.S. Dalai Lama trazem pontos essenciais da prática budista em uma linguagem universal.




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segunda-feira, 6 de julho de 2015

O cachorro pode ser seu avô?


por Cláudia Santos


Mesmo sem acompanhar a novel, algumas vezes me deparei, ao ligar a tevê, com cenas em que algum personagem declarava a outro que, por alguma atitude tomada, poderia reencarnar no corpo de algum animal. “Por estar mentindo aos deuses, poderá renascer como gafanhoto!” e “se você se matar, pode reencarnar como sapo” foram algumas delas.




Muitas frases ditas nesse sentido são feitas dentro de linguagens populares, como brincadeira ou até forma de ameaça didática, como sabemos, mas podem até gerar dúvidas nos menos informados. 


Afinal, o espírito que animou o corpo de um homem poderia encarnar-se em um animal?

Sobre a chamada “metempsicose”, uma fantasia originária de culturas antigas, segundo a qual a alma pode animar, sucessivamente, variados corpos, de homens, animais e vegetais, O Livro dos Espíritos é categórico: “Isto seria retrogradar, e o Espírito não retrograda. O rio não remonta à nascente.” (Item 612)

Segundo as respostas dadas pelos espíritos a Allan Kardec, duas coisas podem ter a mesma origem e não se assemelharem em nada mais tarde. “Quem reconheceria a árvore, suas folhas, suas flores e seus frutos no germe informe que se contém na semente de onde saíram? No momento em que o princípio inteligente atinge o grau necessário para ser espírito e entra no período de humanidade, não tem mais relação com o seu estado primitivo e não é mais a alma dos animais, como a árvore não é a semente. No homem, somente existe do animal o corpo, as paixões que nascem da influência do corpo e o instinto de conservação inerente à matéria. Não se pode dizer, portanto, que tal homem é a encarnação do espírito de tal animal, e por conseguinte a metempsicose, tal como a entendem, não é exata.”

Ainda conforme O Livro dos Espíritos, a metempsicose seria verdadeira se por ela se entendesse a progressão da alma de um estado inferior para um superior, realizando os desenvolvimentos que transformariam a sua natureza. Mas ela é falsa no sentido de transmigração direta do animal para o homem e vice-versa, o que implicaria a ideia de uma retrogradação ou de uma fusão. “Ora, não podendo realizar-se essa fusão entre seres corporais de duas espécies, temos nisso um indício de que se encontram em graus não assimiláveis e que o mesmo deve acontecer com os espíritos que os animam. Se o mesmo espírito pudesse animá-los alternativamente, disso resultaria uma identidade de natureza que se traduziria na possibilidade de reprodução material. A reencarnação ensinada pelos espíritos se funda, pelo contrário, sobre a marcha ascendente da natureza e sobre a progressão do homem na sua própria espécie, o que não diminui em nada a sua dignidade. O que o rebaixa é o mau uso que faz das faculdades que Deus lhe deu para o seu adiantamento. Como quer que seja, a antiguidade e a universalidade da doutrina da metempsicose, e o número de homens eminentes que a professaram, provam que o princípio da reencarnação tem suas raízes na própria natureza; esses são, portanto, argumentos antes a seu favor do que contrários.”

Os espíritos ainda esclarecem: “As diferentes espécies de animais não procedem intelectualmente umas das outras, por via de progressão; assim, o espírito da ostra não se torna sucessivamente do peixe, da ave, do quadrúpede e do quadrúmano; cada espécie é um tipo absoluto, física e moralmente, e cada um dos seus indivíduos tira da fonte universal a quantidade de princípio inteligente que lhe é necessária, segundo a perfeição dos seus órgãos e a tarefa que deve desempenhar nos fenômenos da natureza, devolvendo-a à massa após a morte. Aqueles dos mundos mais adiantados que o nosso são igualmente constituídos de raças distintas, apropriadas às necessidades desses mundos e ao grau de adiantamento dos homens de que são auxiliares, mas não procedem absolutamente dos terrenos, espiritualmente falando. Com o homem, já não se dá o mesmo.”

E completam: “Do ponto de vista físico, o homem constitui evidentemente um anel da cadeia dos seres vivos; mas, do ponto de vista moral, há solução de continuidade entre o homem e o animal. O homem possui, como sua particularidade, a alma ou espírito, centelha divina que lhe dá o senso moral e um alcance intelectual que os animais não possuem; é o ser principal, preexistente e sobrevivente ao corpo, conservando a sua individualidade. Qual é a origem do espírito? Onde está o seu ponto de partida? Forma-se ele do princípio inteligente individualizado? Isso é um mistério que seria inútil procurar penetrar e sobre o qual, como dissemos, só podemos construir sistemas.”

Irvenia Luiza de Santis Prada, veterinária e membro da AME-Brasil, lembra que o perispírito é o modelo organizador biológico, responsável pela embriogênese, quer de homens quer de animais ou plantas. “Assim, seria impossível a um perispírito parar o desenvolvimento na fase animal se já atingiu maior complexidade evolutiva, ou seja, a fase humana, assim como seria impossível a um animal atingir imediatamente a expressão do ser humano, se ainda não chegou a essa complexidade”, finaliza.

Princípio espiritual evolui


Já que o homem não pode reencarnar como um cachorro, por exemplo, seria possível ocorrer o contrário? O escritor e colunista da Folha Espírita Richard Simonetti, autor do livro Reencarnação, Tudo o Que Você Precisa Saber, tem a resposta: “Todo animal possui um princípio espiritual em evolução que um dia atingirá a complexidade necessária ao exercício do pensamento contínuo, transformando-se em espírito, habilitado à experiência humana. Não obstante o comportamento de certas pessoas sugerir que fizeram essa transição recentemente, ela demanda o concurso dos milênios e ocorre em outros planos da Criação, não na Terra, e envolve estágios intermediários. Não há, portanto, a mínima possibilidade de que um animal possa reencarnar como ser humano”, esclarece.

Julho de 2009 - Edição número 419



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domingo, 5 de julho de 2015

A delicada relação entre religião e saúde



Na entrevista abaixo, Dr. Claudio Luiz Lottenberg, oftalmologista e presidente do Einstein, comenta fatos interessantes como os diferentes conceitos de morte, a relação dos judeus com a saúde, o desafio das doenças crônicas e a importância da espiritualidade para a qualidade de vida das pessoas. O médico também fala sobre uma espécie de preconceito da classe médica em repercutir essas questões. Confira.

A religião pode influenciar na saúde das pessoas?



A religião talvez seja um exercício importante para estimular as mecânicas da fé, embora a fé não necessariamente derive apenas da religião. Eu acredito que a fé, como sentido construtivo, positivista, atua na estruturação psicológica e tem um papel importante, já documentado cientificamente. Eu não diria que a religião per si pode influenciar na saúde, mas a fé pode ter aspectos positivos que oferecem mais equilíbrio e bem-estar, além de uma recuperação mais rápida e objetiva.


Por que o senhor, enquanto médico, se interessa por essa questão?

Fui um pouco instigado a participar deste debate, talvez por causa das manifestações que faço em nome da área em que atuo, que é saúde. Eu sempre evoquei a minha ligação com a cultura e a tradição judaica. Evidentemente, dentro dessa cultura e dessa tradição temos um campo muito amplo relacionado à religião judaica. Eu procurei me aprofundar e acho que trouxe uma contribuição produtiva, porque isso começou a ser debatido de maneira mais livre. Acho que muitas vezes nós médicos temos muitos preconceitos com relação a determinados assuntos. Como se quiséssemos uma explicação científica para tudo. O raciocínio cartesiano é muito lógico na sua explicação. Por outro lado, o próprio Descartes era profundamente religioso. Ele vivia um conflito muito grande. Como explicar Deus? Deus é algo que você não consegue explicar. Então eu acho que era necessário tentar juntar essas situações que, de certa maneira, conspiravam para eu poder começar a falar sobre isso. Fiquei surpreso com o quanto isso é envolvente, o quanto merece ser discutido e aprofundado, e o quanto ainda pode revelar. Eu diria até que isso acontecerá em um futuro não muito distante.

As religiões têm conceitos diferentes sobre a morte. Elas mudam a relação das pessoas com a saúde?

As religiões são muito claras nas relações com doenças, não é? Constantemente fazem comentários a respeito de hábitos alimentares, circuncisão, utilização de álcool. E isso tem um impacto importante na qualidade e no padrão de vida das pessoas. A grande questão é tentar explicar alguns fenômenos que a gente sabe que existem, mesmo sem saber como e porquê. De qualquer forma, eles estão ali documentados.

Os judeus se relacionam com a saúde de uma forma diferente?

Eu não colocaria desta forma, mas a tradição judaica é rica em exemplos. A comida kosher é um deles. Não se come carne de porco. Por quê? Porque os métodos de conserva não eram bons para aquela época. Os judeus também não misturam determinados tipos de alimentos, porque a digestão acaba sendo prejudicada. E os judeus fazem a circuncisão. Já se tentou discutir muitas vezes sobre a razão de fazermos isso. O que a gente sabe é que mulheres judias têm muito menor incidência de câncer de colo uterino do que mulheres não judias. Isso está relacionado à circuncisão. Então eu diria que existem hábitos judaicos que interferem na questão da saúde, mas não necessariamente os judeus se relacionam diferentemente com ela.


Qual a relação entre espiritualidade, religiosidade e qualidade de vida.

Uma das filosofias do hospital é o Planetree e um de seus pilares é a religiosidade, que é diferente de espiritualidade, embora esses conceitos sejam muito próximos e confundam a comunidade leiga. Neste cenário, está implícito que o Einstein acredita que esses elementos contribuem para recuperações mais rápidas e com mais qualidade. Para nós, essas questões devem virar referência, mas é claro que ainda falta uma base científica formal.


Que tipo de suporte religioso o Einstein oferece?

Além do Planetree contemplar a questão da religiosidade, temos uma sinagoga no hospital e líderes religiosos de diferentes religiões frequentam a instituição sempre que solicitados pelas famílias. Nós sempre acreditamos nesse padrão de humanização e na relação com a religião.


Já se disse que o custo do tratamento de pessoas com apoio religioso é menor. É verdade?

Existem estudos que mostram que pacientes terminais que receberam suporte religioso tiveram um custo de tratamento menor do que os que não tiveram. Muito possivelmente, em determinadas circunstâncias, a diferença está muito mais na fé, na crença e no suporte que deriva da religião, do que propriamente em remédios caros.

O físico Albert Einstein já disse que é mais fácil quebrar um átomo do que um preconceito. O senhor concorda?

Tenho a impressão de que a comunidade médica, por exemplo, ainda tem um certo preconceito em repercutir essas questões. Em uma apresentação recente eu falei sobre os benefícios da física quântica versus a física cartesiana. Nós sabemos o quanto isso, na verdade, trouxe de ganho para a sociedade contemporânea. A minha proposta é chamar a discussão para determinados assuntos e para pessoas que, apesar de exigirem um raciocínio muito lógico, estão dispostas a participar e conviver com estes novos conceitos. Concordo que não é uma questão muito lógica, mas se vemos que é um fenômeno, talvez seja uma maneira de poder tentar entender. Cabe aos líderes quebrar os preconceitos e tentar pelo menos entrar na discussão. O que eu estou tentando fazer não é defender uma bandeira ou uma idéia, e sim chamar a comunidade para que ela não seja preconceituosa frente a situações novas.


O senhor tem percebido nos pacientes uma necessidade maior por uma medicina mais afetiva e emocional?

Mais do que isso, percebi que ganhei um auto-controle maior na relação com eles desde que passei a entender desta forma. Tenho me sentido um médico melhor. Tenho entendido melhor a angústia de cada paciente. Uma coisa é sugerir uma conduta de tratamento para um paciente com uma doença. Outra coisa é dar a ele um suporte para conduzir o problema que tem. É interessante porque quando se consegue compreender as questões relacionadas à fé e à espiritualidade, o teu diálogo muda. Em mim, senti uma mudança muito grande.


O senhor vê alguma relação entre doenças crônicas e religiosidade?

Doenças crônicas são o grande desafio da sociedade contemporânea. Hoje a pessoa deixa de funcionar dez anos antes de morrer propriamente. A ideia é que um dia o indivíduo pare de funcionar somente no dia em que ele realmente morrer. Entender determinadas doenças, como o Alzheimer, colaborar com o indivíduo que tem insuficiência cardíaca ou insuficiência pulmonar, por exemplo, torna-se cada vez mais importante. A relacão dessas atividades com as doenças crônicas vai exigir da sociedade um esforço muito grande e um dispêndio econômico enorme. Se conseguirmos encontrar maneiras de contribuir para minimizar estes problemas e oferecer à população mais acesso aos serviços de saúde, estaremos fazendo algo muito importante para a saúde pública, que é a equidade. Além disso, acho que a fé e a religiosidade também podem fazer a diferença na vida de pessoas com doenças crônicas.




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sexta-feira, 3 de julho de 2015

O Poder da Igreja Medieval



A religião cristã nasceu durante o Império Romano. Por séculos se expandiu, conquistando poder e grande número de adeptos. Em 313 obteve do governo romano o direito á liberdade de culto; em 391 foi transformada em religião oficial do império.

Entretanto, o poder da igreja só se consolidaria com a conversão dos povos germânicos ao catolicismo. Com isso, a Igreja sobreviveria à desagregação do Império Romano do Ocidente, ao mesmo tempo que se transformava na mais poderosa instituição de seu tempo.

Em uma sociedade fragmentada, a Igreja católica garantia não só a unidade religiosa, mas também a política e a cultural. Com o controle da fé, ela ditava a forma de nascer, morrer, festejar, pensar, enfim, de todos os aspectos da vida dos seres humanos no mundo medieval.




Reprodução do quadro A Igreja e o Estado, pintado por Andréa de Firenze, serve como ilustração da organização política do mundo medieval. O cenário de fundo é uma igreja. Ao centro, os dois vigários de Cristo; o papa e o imperador. De um lado, cardeal, arcebispo, padre; de outro, rei, conde, paladino. A seus pés, o rebanho de Cristo. No plano inferior, monges e freiras de um lado; fidalgos, burgueses e camponeses, de outro.


No tempo das catedrais


A Igreja católica foi a instituição mais poderosa da idade Média. Numa época em que a riqueza era medida pela quantidade de terras, a Igreja chegou a ser proprietária de quase dois terços das terras da Europa ocidental. Era a grande senhora feudal, participando das relações de suserania e vassalagem e controlando a servidão dos camponeses.




Até hoje, em diversas regiões da Europa, podemos testemunhar o poder da Igreja católica no mundo medieval. As grandes catedrais construídas nos séculos XII e XIII são um dos exemplos desse poder. Na imagem acima, a catedral de Coutances, na França. Construída em estilo gótico, demorou trinta anos (1220-1250) para ficar pronta.




Outro exemplo é a Catedral de Colônia, localizada na cidade alemã de Colônia, igreja de estilo gótico, é o marco principal da cidade. A construção da igreja gótica começou no século XIII e levou, com as interrupções, mais de 600 anos para ser completada. As duas torres possuem 157 metros de altura, com a catedral possuindo o comprimento de 144 metros e largura de 86 metros. Quando foi concluída em 1880, era o prédio mais alto do mundo. A catedral é dedicada a São Pedro e a Maria.

Todos os bispos dominavam porções significativas de terras. Aliás, ser bispo podia significar o controle de muita riqueza. Veja o comentário de um bispo do século IX:

- Para ordenar um padre, cobrarei em ouro. Para ordenar um diácono, cobrarei um monte de prata (...). 
- Para chegar a bispo, paguei bom ouro, mas agora hei de rechear a bolsa.

Ao contrário da nobreza – que tinha seus bens repartidos por heranças, casamentos, lutas pela posse da terra, etc. - , a Igreja só acumulava riquezas, já que os bens não pertenciam aos religiosos, mas a própria instituição.

Assim, usufruindo do poder que tinha sobre as consciências, a Igreja católica pôde acumular grande riqueza material. À medida que essa riqueza crescia, o alto clero, constituído por aqueles que ocupavam cargos mais elevados na hierarquia interna da Igreja, distanciava-se dos assuntos religiosos.

Controlando o poder espiritual e material, a Igreja foi responsável por manter, em grande parte, a ordem social da Idade Média. Segundo um texto da época:

Deus quis que, entre os homens, uns fossem senhores e outros, servos, de tal maneira que os senhores estejam obrigados a venerar e amar a Deus, e que os servos estejam obrigados a amar e venerar o seu senhor (...).




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quinta-feira, 2 de julho de 2015

Lendas e Relíquias





A destruição do arquivo central dos Templários (que estava na Ilha de Chipre) em 1571 pelos otomanos tornou-se o principal motivo da pequena quantidade de informações disponíveis e da quantidade enorme de lendas e versões sobre sua história. Os Templários tornaram-se, assim, associados a lendas sobre segredos e mistérios, e mais rumores foram adicionados nos romances de ficção populares, como Ivanhoe, O Pêndulo de Foucault, e O Código Da Vinci, filmes modernos, tais como “A Lenda do Tesouro Perdido” e “Indiana Jones e a Última Cruzada”, bem como jogos de vídeo, como Broken Sword e Assassin’s Creed.




Uma das versões faz ligação entre os Templários e uma das mais influentes e famosas sociedades secretas, a Maçonaria. Historiadores acreditam na separação dos Templários quando a perseguição na França foi declarada. Um dos lugares prováveis para refúgio teria sido a Escócia, onde apenas dois Templários haviam sido presos e ambos eram ingleses. Embora os cavaleiros estivessem em território seguro, sempre havia o medo de serem descobertos e considerados novamente como traidores. Por isso teriam se valido de seus conhecimentos da arquitetura sagrada e assumiram um novo disfarce para fazerem parte da maçonaria (texto do livro Sociedades Secretas – Templários, editora Universo dos Livros). Muitas das lendas dos Templários estão relacionadas com a ocupação precoce pela Ordem do Monte do Templo em Jerusalém e da especulação sobre as relíquias que os templários podem ter encontrado lá, como o Santo Graal ou a Arca da Aliança. No entanto, nos extensos documentos da inquisição dos Templários nunca houve uma única menção de qualquer coisa como uma relíquia do Graal, e muito menos a sua posse, por parte dos Templários.

Na realidade, a maioria dos estudiosos concorda que a história do Graal era apenas isso, uma ficção que começou a circular na época medieval. O tema das relíquias também surgiu durante a Inquisição dos Templários, pois documentos diversos dos julgamento referem-se à adoração de um ídolo de algum tipo, referido em alguns casos, um gato, uma cabeça barbada, ou, em alguns casos, a Baphomet. Essa acusação de idolatria contra os templários também levou à crença moderna por alguns de que os templários praticavam bruxaria. Além de possuir riquezas (ainda hoje procuradas) e uma enorme quantidade de terras na Europa, a Ordem dos Templários possuía uma grande esquadra. Os cavaleiros, além de temidos guerreiros em terra, eram também exímios navegadores e utilizavam sua frota para deslocamentos e negócios com várias nações. Devido ao grande número de membros da Ordem, apenas uma parte dos cavaleiros foram aprisionados (a maioria franceses). Os cavaleiros de outras nacionalidades não foram aprisionados e isso possibilitou-lhes refugiarem-se em outros países. Segundo alguns historiadores, alguns cavaleiros foram para Escócia, Suíça, Portugal e até mais distante, usando seus navios. Muitos deles mudaram seus nomes e se instalaram em países diferentes, para evitar uma perseguição do rei e da Igreja.

O desaparecimento da esquadra é outro grande mistério. No dia seguinte ao aprisionamento do cavaleiros franceses, toda a esquadra zarpou durante a noite, desaparecendo sem deixar registros. Por essa mesma data, o Rei Português D. Dinis nomeava o primeiro almirante Português de que há memória, apesar de Portugal não ter armada; por outro lado, D. Dinis evitava entregar os bens dos Templários à Igreja e consegue criar uma nova Ordem de Cristo com base na Ordem Templária, adotando para símbolo uma adaptação da cruz orbicular Templária, levantando a dúvida de que planeava apoderar-se da armada Templária para si. 

Um dado interessante relativo aos cavaleiros que teriam se dirigido para a Suíça, é que antes desta época não há registros de existência do famoso sistema bancário daquele país, até hoje utilizado e também discutido. Como é sabido, no auge de sua formação, os cavaleiros da Ordem desenvolveram um sistema de empréstimos, linhas de crédito, depósitos de riquezas que na sua época já se assemelhava bastante aos bancos de hoje. É possível que foram os cavaleiros que se refugiaram na Suíça que implantaram o sistema bancário no lugar e que até hoje é a principal atividade do país.




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