quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Os Vínculos Familiares






por Ricardo Di Bernardi


Ao relacionarmos as dificuldades do ser humano com a história pregressa do próprio indivíduo, estabelecemos o conceito de carma. Vale a pena recordar que o conceito por nós, espiritualistas, esposado difere do conceito adotado por outras filosofias re encarnacionistas. Trata-se de um conceito dinâmico. Modifica-se o carma a cada momento conforme pensamento ou sentimentos que estão sendo emitidos. 

Assim, se alguém traz no seu inconsciente (espírito) registros energéticos de experiências passadas desastrosas que criam tendências em determinado sentido, estas "tendências" podem se manifestar ou serem neutralizadas parcial ou quase totalmente por atos construtivos ou de elevada espiritualização do indivíduo.

Há uma frase do Novo Testamento, mais exatamente, na 1ª. Epístola de Pedro, o apóstolo, capítulo IV, versículo 8, que diz: "Mas sobretudo tende ardente caridade para com os outros; porque a caridade cobrirá uma multidão de pecados". 

Sabemos que atos de caridade, sabedoria e amor se traduzem em ondas mentais de elevada freqüência e pequeno comprimento ondulatório. São ondas luminosas, brilhantes, de odor agradável e extremamente suaves em todos os sentidos. Ao se emitirem ondas deste jaez ocorre um processo de compensação ou neutralização do potencial energético que compõe o patrimônio espiritual (construído no passado), do nosso personagem em questão. 

Não somos, pois, escravos do pretérito. Sofremos as influências das situações por nós mesmos criadas, mas somos seres inteligentes, pensantes, atuantes, portanto, capazes de modificar nossas tendências, em outras palavras, nosso carma.

Tendo feito estas considerações básicas a respeito de carma analisemos a questão proposta: "Os pais sofrem em função do carma dos filhos: Isto é Justo?

A paternidade e a maternidade são quase sempre decorrentes de vínculos pretéritos. O triângulo constituído por pai, mãe e filho, resulta de uma continuidade necessária para todos os envolvidos na nova constelação familiar, onde, também, irmãos e parentes próximos são normalmente ligações de encarnações anteriores. Nossas dívidas se fazem, muitas vezes, dentro do núcleo familiar e retornamos para corrigir as distorções antigas, no mesmo meio.

Nossos filhos são espíritos. E são espíritos com os quais já mantivemos antes importantes vínculos. Com relação a natureza destes vínculos, poderemos classificá-los em vínculos de afeto e de desafeto. Freqüentemente, as dificuldades vivenciadas por duas pessoas gerou ente elas um ódio mútuo, ou outra ligação fortemente estreitada pelas energias deletérias de sentimentos inferiores. São aos vínculos acriados pelo desafeto do passado.

Uma vez estabelecida a troca recíproca das vibrações desestruturantes, cria-se um elo magnético que prenderá mutuamente os dois indivíduos. Não só o amor, mas igualmente o ódio une as pessoas. Uma união no sentido de dependência energética que, em alguns casos, chega a conseqüências extremas.

Espíritos ligados um ao outro requerem uma solução terapêutica, que, muitas vezes, só encontra resolução adequada pela anestesia do passado, apagando-se temporariamente as lembranças perturbadoras, através de nova encarnação.





Contudo, a reencarnação se tornará realmente eficaz, na sua função educadora, mantendo os dois envolvidos próximos, criando-se condições para que haja um vínculo de amor entre ambos. Ao renascerem, sob o mesmo teto, no templo do lar, pelo instituto divino da reencarnação, anestesiados pela sábia lei do esquecimento do passado, eles aprenderão a se perdoar e a se amar.

Aquele bebê rosado que agora o pai ou a mãe abraçam e acariciam emocionados, habitualmente é uma vítima sua do passado, que agora receberá a quota de atenção e os cuidados que lhe eram devidos. Pai e Mãe podem se enternecer perante a figura doce e suave de um bebê. A lei da reencarnação propiciou condições para que, neste instante, vítima e algozes se abracem, chorem de emoção e passem a desenvolver uma nova experiência: A experiência do amor.

Em determinadas reencarnações, pai e mãe é que foram vítimas, e o espírito que agora desce ao berço, o algoz do passado, Outras vezes o desentendimento maior se fazia entre dois do triângulo familiar e o terceiro se constituía no elemento de aproximação entre ambos. As circunstâncias são absolutamente peculiares a cada caso, mas só através da reencarnação e o véu do esquecimento do passado, poderemos compreender a máxima cristã de amar os inimigos.

No entanto, muitas encarnações se fazem novamente como continuidade de vínculos afetivos pretéritos. Podemos, didaticamente, subdividir as situações de ligações afetivas anteriores em dois grupos: os afetos harmônicos e os desarmônicos.

Analisemos inicialmente as situações de afeto harmônico. Tratam-se, neste caso, de espíritos afins, apresentando interesses comuns, semelhança de vibrações energéticas, auras que se sintonizam suave e facilmente. Antigos parentes, velhos conhecidos desta ou de outra encarnação, que retornam ao convívio a fim de receberem o amparo necessário para serem reconduzidos à tarefa maior da evolução. Os lares também recebem, portanto, espíritos afins que ampliarão os liames da amizade, fortificando as uniões anteriores.

Finalmente outra situação mencionada é aquela em que a escolha dos pais é efetuada visando corrigir um distúrbio na área afetiva: um afeto desarmônico. Vinculações anteriores, neste caso, foram estabelecidas não pelo ódio, mas por um afeto egoísticamente criado. Situações onde duas pessoas mantiveram uniões, lesando uma terceira no seu equilíbrio emotivo. Foram situações de ligações extraconjugais de longa duração e de aparente estabilidade. Duas pessoas que, embora tenham assumido compromisso com terceiros, passam a conviver sexualmente durante uma existência, em detrimento do equilíbrio afetivo de seus parceiros programados. Cria-se entre a dupla uma interdependência energética, onde ambos reciprocamente se alimentam das energias sexuais do novo parceiro, estabelecendo um vínculo que carece de uma reestruturação a nível de valores espirituais, mais de acordo com a lei universal.

O plano espiritual programa, através das entidades encarregadas deste setor, uma reencarnação onde se deverá mudar o padrão energético-afetivo estabelecido entre os dois personagens em questão. A solução mais freqüentemente utilizada é a manutenção da união entre ambos, mas não uma união conjugal, e, sim, encarnam como pai e filha ou mãe e filho.

A sabedoria da lei universal encontra na reencarnação o lenitivo do esquecimento para a manutenção do vínculo afetivo, em moldes não lesivos aos envolvidos.

Nesta nova existência, a dupla passará a exercitar o amor desvinculado do envolvimento sexual, porém alicerçado pelas bênçãos do lar.

Em determinadas situações, a intensidade da ligação é tão expressiva e desequilibrada que os elos do passado ainda exercem forte influência na nova vida chegando a suplantar o instinto maternal e filial. Surgem, então, patologistas. Assim sendo, o complexo de Édipo, onde o filho nutre pela figura materna a paixão do passado que ainda não foi suficientemente anestesiada por apenas uma reencarnação. O equivalente no sexo feminino, o Complexo de Eletra, quando a filha ainda guarda fortes reminiscências da vida anterior, tem a mesma explicação. Desvios estes que serão todos sanados, se não nesta vida, em outra próxima, pelo trabalho das equipes de planejamento e escolha dos pais do espírito que renasce.

Como observamos, não há em família, carmas isolados. Há uma constelação familiar e um carma comum. Cada estrela da constelação se encontra na posição adequada as suas necessidades e vivenciando a situação de acordo com seu exato merecimento. Se assim não fosse, Deus não seria justo ou não existiria. Não se trata, em hipótese alguma, de punição ou castigo. Carma é uma conseqüência lógica do sábio automatismo da lei.

Podemos também considerar carma como um processo de drenagem das energias desarmônicas do passado. Assim, por exemplo: Se alguém renasce com um determinado defeito físico, ou fragilidade orgânica em determinada área, não o faz por punição, mas isto ocorre porque o seu corpo espiritual lesou-se ao armazenar energias oriundas de desatinos cometidos no pretérito. O corpo espiritual sendo o modelo energético do novo organismo físico determinará que este último sirva de "mata-borrão" para suas imperfeições. Desta forma, drenando para o corpo físico, busca readquirir seu equilíbrio e retornar ao ritmo de crescimento espiritual rumo a sabedoria e ao amor.

Lembramos também que, em muitas circunstâncias, os pais solicitam, antes de reencarnar, a oportunidade de auxiliar espíritos afins. agora seus filhos, recebendo-os em seu lar mesmo em condições de deficientes físicos ou mentais. São opções de amor e doação.

Os pais, portanto, não "sofrem pelo carma dos seus filhos" mas vivenciam um carma comum e a continuidade de vínculos anteriores.




quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Os “Traumas” de Infância




por Flávio Gikovate

Não é minha intenção subestimar a importância das vivências infantis dolorosas na formação de sintomas chamados de neuróticos na vida adulta. Não gostaria, porém, de continuar a superestimá-los, como têm feito algumas das mais importantes correntes da psicologia contemporânea. A importância da infância na formação de nossas estruturas psíquicas é óbvia. Além de ser dependente, de ter o cérebro pronto para operar e receber informações do meio que a cerca, a criança possui uma intuição sofisticada, fruto da evolução incompleta da sua razão lógica – a razão após estabelecer-se completamente, funciona como “camisa-de-força” para as operações psíquicas sensoriais.

O que me preocupa é a forma dedutiva como muitos raciocinam sobre o tema. Observam, por exemplo, um adulto incapaz de ficar só e que busca com urgência qualquer tipo de vínculo afetivo. Ficam sabendo que ele teve uma mãe que lhe deu pouco carinho, pois vinha de uma família em que não era usual a manifestação física do afeto. Correlacionam os dois fatos e deduzem que, “lógico”, esse adulto carente de afeto é produto de uma criança que teve menos amor que precisava.




Pode ser que seja “lógico”, mas nem tudo que é lógico é verdadeiro. O que define a veracidade de uma firmação é sua comprovação prática. Minha experiência clínica mostra que todos nós, adultos, somos carentes, inseguros e com grande dificuldade para estarmos só, mesmo quando tivemos uma mãe amorosa.

Alguns de nós crescemos carentes porque tivemos pouco amor na infância e ansiamos por preencher essa lacuna. Outros porque tivemos muito, acostumamo-nos a isso e não conseguimos viver com menos. As carências da vida adulta não dependem apenas de nossa mãe e das peculiaridades que marcaram a nossa infância. Atribuo essa sensação de incompletude a um acontecimento geral, próprio de toda a espécie humana: a dramática vivência do nascimento, quando nos desgrudamos da mãe e passamos a sentir toda a sorte de inseguranças, desconfortos e desamparo.





O nascer é um “trauma” infantil, que nos marca a todos. Com o passar dos anos, um outro ingrediente entra em cena: o modo como funciona nossa razão. Já pelos 2-3 anos de idade observamos grandes diferenças na reação de crianças expostas ao mesmo fato externo. Diante da morte de um animal de estimação, por exemplo, algumas sofrerão mais que outras. Algumas tolerarão melhor frustrações, contrariedades e dores de todo o tipo; outras reagirão com violência sempre que contrariadas. Algumas serão facilmente conduzidas pelos argumentos; outras serão guiadas mais pela vontade que pela razão. Não há como negar que algumas dessas diferenças dependem de variáveis inatas e não relacionadas com o ambiente ou às vivências que cada criatura tenha tido de enfrentar.

Não desprezo a possibilidade de certas experiências dolorosas terem forte influência sobre a formação da personalidade de algumas pessoas. Isso, em virtude de terem sido expostas a dores muito graves (estupro, pai que se matou, queimaduras sérias etc.) ou por terem um espírito muito delicado (filhos que se tornam tímidos ou gagos em razão da agressividade dos pais, rapazes que evoluem na direção homossexual por serem objeto de humilhação, pessoas que se tornam obsessivas porque não tiveram espaço para expressão de suas raivas).

O que não me parece correto é generalizarmos esse tipo de reflexão apenas porque nos parece “lógico”. E, o que é mais grave, para explicar condições gerais dos setores humanos: inseguranças, carências afetivas e tantos outros conflitos que todos temos. Esse raciocínio equivocado sobre os “traumas” de infância tem acovardado muitos pais, tornando-os incapazes de agir com rigor e determinação na educação dos filhos.






terça-feira, 27 de janeiro de 2015

As Bruxas de Salém






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O vilarejo de Salem, um pouco mais ao norte de Boston, na colônia americana da Nova Inglaterra, nos finais do século XVII, o século da colonização, foi tomado de assalto por uma onda de intolerância e de fanatismo religioso, vitimando quase vinte pessoas. A caça as feiticeiras que então se desencadeou, serviu como um alerta para que os princípios de liberdade religiosa fossem ainda mais assegurados na história futura dos Estados Unidos da América.


A visita de Satanás


"É uma certeza que o demônio apresenta-se por vezes na forma de pessoas não apenas inocentes, mas também muito virtuosas".

Rev. John Richards, século XVII


Mister Parris, o pobre reverendo de Sálem, estava exasperado. Betty, a sua única filha de apenas nove anos, acometida por uma série de estranhos espasmos, jogou-se petrificada sobre o leito, negando-se a comer. Naquela perdida cidadezinha, ao norte de Boston, não existiam muitos recursos além de um velho médico que por lá se perdera. Chamado para diagnosticar a doença, atestou para o aterrado pai que menina estava era enfeitiçada e que nada lhes restava a fazer além de uma boa e sincera reza. A conclusão do doutor correu de boca em boca e em pouco tempo os pacatos habitantes do pequeno porto tomaram conhecimento de que Satanás resolvera coabitar com eles. 

O Julgamento de George Jacobs,
 Agosto 5, 1692


Simultaneamente outras garotas, as amiguinhas de Betty, começaram a apresentar sintomas semelhantes aos da filha do clérigo. Rolavam pelo chão, imprecavam, salivavam, grunhiam e latiam. Foi um pandemônio. Pressionado a tomar medidas, Parris resolveu chamar um exorcista, um caçador de feiticeiras, que prontamente começou sua investigação. 

No século XVII poucos punham em dúvida a existência de bruxas ou de feiticeiras porque uma das máximas daqueles tempos é de que "é uma política do Diabo persuadir-nos que não há nenhum Diabo". 

Interrogadas por Cotton Mather, que iria se revelar uma versão americana do inquisidor-mor Torquermada, as garotas contaram que o que havia desencadeado aquela desordem toda foram uns rituais de vodu que elas viram Tituba fazer. Tratava-se de uma escrava negra que viera das Índias Ocidentais e que iniciara algumas delas no conhecimento da magia negra. Durante o último longo inverno da Nova Inglaterra, ela apresentara várias vezes os feitiços para uma platéia de garotas impressionáveis. Educadas no estreito moralismo calvinista e no ódio ao sexo que o Puritanismo devota, aquele cerimonial animista deve ter despertado as fantasias eróticas nelas. Provavelmente culpadas por terem cedido à libido, ou apavoradas por sonhos eróticos, as garotas entraram em choque histérico. Seja como for o caso merecia ser ouvido num tribunal. Toda a cidadezinha se fez então presente no salão comunitário. 

Quando colocadas num tribunal especial, presidido pelo juiz S.Sewall, e inquiridas pelos juizes Corwin e Hathorne, as meninas começaram a apontar indistintamente para várias pessoas que estavam na sala apenas como curiosas. O depoimento mais sensacional foi o da escrava Tituba, que não só confessou suas estranhas práticas como afirmou que várias outras pessoas da comunidade também o faziam. 




A partir daquele momento a cidadezinha, que já estava sob forte tensão, se transformou. Um comportamento obsessivo tomou conta dos moradores. Uma onda de acusações devastou o lugarejo. Vizinhos se denunciavam, maridos suspeitavam das suas mulheres e vice-versa, amigos de longa data viravam inimigos. Praticamente ninguém escapou de passar por suspeito, de ser um possível agente do demônio. Não demorou para que mais de 300 pessoas fossem acusadas de práticas infames. O tribunal que entrou em função em junho de 1692 somente parou em outubro. Resultou que dezenove pessoas foram enforcadas. 

Deteve-se a execução quando as denúncias envolveram figuras eminentes da colônia, tal como a esposa do governador de Massachusetts e o pastor Samuel Willard, presidente do Harvard College (*). Enquanto a arraia-miúda foi enclausurada, acusada de práticas escusas, poucos se indignaram. O basta naquilo tudo foi dado quando os dedos dos fanáticos ousaram apontar para a elite local. Ainda em 8 de outubro de 1692 circulou uma carta redigida por um intelectual da região, Thomas Brattle, que se horrorizara com os enforcamentos, revelando a loucura coletiva que tomara conta dos aldeãos. Segundo Perry Miller, que estudou as idéias que circulavam pelas colônias americanas daquele século, a letter de Brattle teria sido o primeiro documento iluminista produzido na América do Norte, pois criticou veementemente os prejuízos do fanatismo religioso. Entre outras coisas Battle escreveu: "temo que os anos não apagarão esta desgraça, esta nódoa que essas coisas lançaram sobre nossa terra". E os processos dos endemoniados de Salém assim como começaram, num repente terminaram.
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(*)As perseguições às bruxas de Salém serviram, dois séculos e meio depois, como tema para que o teatrólogo Arthur Miller - sofrendo as intimidações feitas pelo Comitê de Atividades Anti-americanas do senador Joe McCarthy (1908-1957) -, escrevesse a peça The Crucible (traduzida por nós como As bruxas de Salém). Encenada no início dos anos de 1950, eram evidentes as analogias que Miller fez entre os padecimentos da esquerda americana na época da Guerra Fria,com os tormentos sofridos pelos injustamente acusados em Salém. Quanto ao macartismo, é interessante lembrar que ele ascendeu, em sessões abertas ao público, acusando intelectuais, escritores, roteiristas, artistas e gente de Hollywood em geral, mas naufragou quando ousou enfrentar o Exército, ocasião em que Joe McCarthy foi ridicularizado e exposto pelo advogado da corporação militar.












domingo, 25 de janeiro de 2015

Mitos sobre a Hipnose


 



 Prof. Luiz Carlos Crozera


1. Hipnose é causada pelo poder do hipnotizador – Naturalmente o hipnotizador deve ter o devido conhecimento e a força mental necessária à concentração no momento certo, mas isso não é suficiente, para que o paciente entre em estado de hipnose existe a necessidade de um campo de interação e confiança, denominado "rapport", além da pessoa "querer" resolver seu problema.

2. O hipnotizador controla o desejo do paciente – Nenhum paciente hipnotizado faz aquilo que não faria acordado, ou seja, ele só é capaz de fazer aquilo que considera inofensivo e, mesmo assim, se desejar, todos temos o livre arbítrio.




3. A hipnose é prejudicial à saúde – Desde que utilizada por profissionais competentes e bem intencionados, a hipnose não causa danos, devendo-se, apenas, estar atento para a sua utilização por pessoas inescrupulosas.

4. Pode-se tornar dependente da hipnose – Na utilização clínica não existe qualquer tipo de dependência na hipnose, exceto se o hipnólogo tiver alguma intenção.

5. A pessoa pode não voltar do transe, ficar presa nele – Não é possível ficar preso ao transe. O transe profundo leva ao sono denominado terapêutico que, como qualquer sono fisiológico, dura até o momento de acordar, que é natural a cada indivíduo.

6. O sono é a hipnose – A hipnose não é igual ao sono fisiológico de todas as noites. É um estágio anterior ao sono, quando a pessoa está concentrada, com certo grau de consciência e podendo responder a comandos. É um relaxamento de forma alerta, denominado estado alterado de consciência, onde o racional fica afastado, dando acesso aos conteúdos da memória, ao centro emocional, mecanismos que controlam a vontade, etc.






7. A pessoa fica inconsciente em transe – Normalmente o hipnotizado mantém o seu estado consciente, apenas com a atenção focalizada, onde o censor crítico da mente é aberto (racional) ou simplesmente afastado temporariamente, razão de poder-se resgatar informações de memória (consciente e inconsciente), somente desta forma podemos trabalhar os mecanismos terapêuticos, indo até os pontos vitais de um problema, tanto de ordem física como psíquica. Ao aprofundar o transe, pode haver o desligamento da atenção vigilante. Apenas no transe profundo ocorre a amnésia total (inconsciente), tudo depende do nível de ansiedade em que o paciente conseguiu chegar durante a sessão, nota-se que a cada sessão, dependendo do terapeuta e da técnica empregada, o aprofundamento ao transe é cada vez maior e os níveis de consciência são cada vez menores.

8. Hipnose é terapia – Embora a hipnose tenha a facilidade de trazer alívio de dores e muita paz interior, o que já serve para curar uma série de angústias e ansiedades, ela é apenas uma ferramenta utilizada no processo terapêutico. A hipnose em si não é uma terapia e sim um instrumento, uma ferramenta para se atingir o estado de sono terapêutico, para se atingir este estado existem inúmeras técnicas, que vai do transe lento ao instantâneo, depois que a pessoa entrou em sono terapêutico, necessário empregar uma das três linhas de hipnose clínica científica que dispomos na atualidade. A hipnose científica possui três linhas principais: Hipnose Clássica (1723), Hipnose Ericksoniana (1927) e Hipnose Condicionativa (1983).

9. Regressão e hipnose – Pode ocorrer a regressão de memória quando a pessoa entra em estado hipnótico, o objetivo é localizar os registros mentais traumáticos que podem ser vivenciados, psicossomáticos ou subliminares, que foram incorporados no psiquismo em algum momento da vida. Na Hipnose Clássica trabalhe basicamente a regressão dentro do conceito investigativo (sofrologia), enquanto na Hipnose Condicionativa o paciente não fala com o terapeuta, utiliza-se método de "bloqueio" de registros mentais traumáticos em vez de investigação, desta forma abrevia-se o tratamento, sem resgatar traumas.

10. Há perigos para a hipnose? – Ela pode ser realmente perigosa se aplicada indevidamente, ou seja, nas mãos de pessoa inescrupulosa ou sem cautela. Por isso exige a formação correta do profissional, o preparo e a habilitação, para lidar com psicoterapia e um bom estudo da mente e do comportamento humana. É crescente a quantidade de profissionais da saúde, educação, desportes, RH e criminalística que buscam na hipnologia a ferramenta eficiente para atender os mais diversos tipos de patologias.

11. A hipnose realiza milagres – O que na hipnose pode parecer milagre, nada mais é do que o acesso a novas respostas interiores, em função da junção entre a motivação do paciente e a abertura às riquezas de cada um em seu inconsciente, é na mente onde está a cura da maioria das doenças, pois é ali que elas nascem, exceto as provenientes de fungos, vírus, bactérias, genética, acidentais e abusivas contra a saúde, assim mesmo elas podem ser tratadas pela hipnose, pois é na mente onde estão as energias que sustentam nossas vidas como: fé, vontade, prazer, sexualidade, dor, amor, ciúmes, ódio, inveja, ansiedade, satisfação, medos, angústias. Na mente também estão localizadas todos as informações captadas pelos sentidos humano, que de alguma forma ali ficou registrada, podendo ser vivenciada, subliminar ou psicossomatizada, desde a vida intra-uterina até o momento presente. A única maneira para alcançar as energias e os registros mentais é pela hipnose, quando o hipnólogo está bem preparado tecnicamente e o paciente quer ficar livre do problema que o incomoda, tanto físico como psíquico, os resultados são imediatos.

12. A hipnose significa inconsciência – Existe uma relação direta entre o nível do sono terapêutico e a ansiedade, quanto menor for a ansiedade mais profundo é o estado de relaxamento, as frequências mentais baixam, o ritmo cardíaco e a respiração diminuem consideravelmente, então menores serão as lembranças pós hipnose. Existem inúmeras técnicas para levar uma pessoa ao estado de sono terapêutico ou hipnótico, muitas das situações vivenciadas mentalmente durante o estado de hipnose são necessárias que permaneçam na memória consciente, para lembrança depois das sessões.

13. O hipnotizado revela seus segredos – Dependendo da linha de hipnose empregada, na Clássica o hipnotizado só fala aquilo que deseja. Ele terá oportunidade de lembrar-se de coisas há muito esquecidas, o que chamamos de hiperamnésia, mas só falará se achar seguro. Na Hipnose Condicionativa o terapeuta é apenas um facilitador do processo terapêutico, o paciente não fala durante a sessão, possibilitando que 90% das pessoas consigam chegar ao estado de transe hipnótico com mais facilidade, abreviando qualquer tipo de tratamento.

14. E se houver a morte do hipnotizador durante o transe? – Ao deixar de ouvir a voz do hipnotizador o paciente interrompe o transe induzido ou pode até continuar um pouco, acordando normalmente depois de algum tempo. O transe pode se transformar em sono fisiológico.








sábado, 24 de janeiro de 2015

Illuminati: os soldados da Nova Ordem





por Texto Eduardo Szklarz


No livro Anjos e Demônios, de Dan Brown, o professor Robert Langdon faz uma descoberta assustadora. Ao analisar o peito de um físico assassinado, ele vê a marca de uma antiga fraternidade secreta conhecida como Illuminati – a mais poderosa organização subterrânea que já existiu. Seus membros ressurgem das sombras para concluir a batalha contra seu pior inimigo: a Igreja Católica.

Parece mesmo livro de ficção. No entanto, muitos pesquisadores garantem que há algo de verdade nessa história. E vão além, dizendo que os Illuminati estão por aí até hoje e pretendem acabar com as identidades nacionais, destronar os monarcas e estabelecer o que chamam de Nova Ordem Mundial – uma espécie de governo global dominado por meia dúzia de mentes brilhantes. “Graças à fuga de vários membros dos illuminati, começamos a conhecer a existência de um plano infernal que pretende submeter 99% da humanidade aos caprichos malvados de 1%”, diz o escritor e numerólogo americano Robert Goodman, que acaba de lançar na Espanha El Libro Negro de los Illuminati (“O Livro Negro dos Illuminati”, inédito no Brasil).


Os mais perfeitos


Goodman joga no time dos “teóricos da conspiração”, que vêem rastros da antiga irmandade em todo canto – dos atentados do 11 de Setembro à morte de Diana, a princesa de Gales. Outros investigadores são menos alarmistas, mas não deixam de expressar medo. “De todas as sociedades secretas que pesquisei, os Illuminati são de longe a mais vil”, diz a americana Sylvia Browne, autora de As Sociedades Secretas Mais Perversas da História (Prumo, 2008). “Embora 75% do que se diz sobre eles seja especulação, preocupo-me com os outros 25%.”

Ao longo dos séculos, o termo illuminati (“iluminados”, em latim) foi usado para denominar diversas organizações, reais e fictícias. Hoje, ele se refere principalmente aos Illuminati da Baviera, uma sociedade secreta criada na Alemanha pelo filósofo Adam Weinshaupt, no ano de 1776. Weinshaupt foi educado por padres jesuítas, mas tinha uma queda por rituais pagãos e pelo maniqueísmo – uma religião fundada pelo profeta persa Mani, no atual Irã, cujo dogma é dualístico: diz que a luz e a escuridão (Deus e o Diabo) estão em constante disputa para reclamar a alma das pessoas.

“Weinshaupt decidiu formar um corpo de conspiradores para libertar o mundo do que chamava de dominação jesuíta da Igreja em Roma, trazendo de volta a pura fé dos mártires cristãos”, diz Sylvia. “Foi assim que ele fundou a Sociedade dos Mais Perfeitos, nome que mudou para Illuminati (na sua tradução, os ‘intelectualmente inspirados’). Os 5 membros originais foram escolhidos entre os alunos da Universidade de Ingolstadt, onde ele ensinava direito canônico.”

Os pupilos tinham de jurar obediência à organização, que se dividia em 3 categorias. A mais baixa, Berçário, incluía os níveis Preparação, Noviço, Minerval e Illuminatus Menor. Depois vinha a Maçonaria, com os graus Illuminatus Major e Illuminatus Dirigens. Já a mais alta, Mistérios, englobava os graus Presbítero, Regente, Magus e Rex – o supremo.

Nas reuniões do grupo, Weinshaupt atendia pelo nome de Spartacus e transmitia aos alunos ensinamentos proibidos pelo clero. Embora alguns pesquisadores digam que ele conseguiu ingressar na maçonaria, ninguém parece ter provas de que os maçons apoiaram suas idéias radicais. Certo é que o grupo de 5 iniciados se expandiu pela Alemanha, despertou a desconfiança do governo e virou alvo de intensa repressão. Tanto que Weinshaupt precisou fugir do país em 1784. Para muitos, foi o fim dos Illuminati. Outros acreditam que o grupo continuou a operar na clandestinidade, defendendo ideologias como o anarquismo e o comunismo. Assim, estariam por trás da Revolução Francesa, da Revolução Russa e do nascimento dos EUA.





Governo global


Segundo a turma da conspiração, a influência dos Illuminati nos EUA foi tamanha que vários de seus símbolos estão estampados na nota de US$ 1 (leia mais no quadro acima). “Eles usam sinais para transmitir informação entre si. O presidente Roosevelt, maçom de grau 33, aproveitou o desenho na nota para incluir toda essa informação como pista para novos projetos dos Illuminati”, diz Goodman. “Um deles seria a 2ª Guerra Mundial, uma espécie de ensaio geral da Nova Ordem.”

Para alguns pesquisadores, grupos herdeiros dos Illuminati hoje manejam as finanças, a imprensa e a política internacionais. Entre essas organizações estariam sociedades secretas como a “Crânio e Ossos” (Skull and Bones), uma fraternidade dos estudantes da Universidade Yale, e o clube Bilderberg, que reúne políticos, empresários, banqueiros e barões da comunicação (leia mais nas reportagens das págs. 60 e 62). “Acredita-se que eles querem um único governo global”, diz a pesquisadora espanhola Cristina Martin, autora do livro El Club Bilderberg (sem tradução para o português). “Um mundo com uma só moeda, um só exército e uma só religião.”



Os códigos da verdinha


Supostos símbolos dos Illuminati escondidos na nota de US$ 1

Especialistas dizem que os Illuminati deixaram várias pistas de sua influência sobre a sociedade americana na nota de US$ 1. No verso, há uma pirâmide cujo cume representa a elite da humanidade, esclarecida pelo “olho que tudo vê” – um símbolo emprestado de outra sociedade secreta, a maçonaria. A base da pirâmide é cega e feita de tijolos idênticos, que representam a população. A inscrição em latim Novus Ordo Seclorum (“Nova Ordem dos Séculos”) alude ao grande projeto dos Illuminati. O número 13, utilizado nos rituais do grupo, aparece em vários lugares: nas estrelas sobre a águia, nas flechas que ela segura com uma das patas, nos frutos e folhas do ramo que ela segura com a outra, nas listras verticais do escudo à frente da águia e nos 13 andares da pirâmide. “Precisamos de lupa para ver outro detalhe na frente da nota: uma minúscula coruja, símbolo da fraternidade, que aparece no canto superior direito”, diz o jornalista espanhol Santiago Camacho, autor de La Conspiracion de los Illuminati (“A Conspiração dos Illuminati”, inédito no Brasil).

Onde estão as pistas

1. Olho que tudo vê
2. Pirâmide de tijolos iguais
3. Inscrição Novus Ordo Seclorum
4. 13 estrelas
5. 13 frutos e folhas
6. 13 listras verticais
7. 13 flechas8. Coruja


Para saber mais

• El Libro Negro de los IlluminatiRobert Goodmam, Ediciones Hermetica, 2008 (em espanhol).








sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Cães vão para o céu?




por Veja

Associações de defesa dos animais celebraram uma declaração recente de Francisco que seria um atestado de que os animais vão para o paraíso. Assunto, como era de se esperar, é controverso


Cachorro fantasiado de papa participa de desfile na Tompkins Square, 
em Nova York (Timothy A Clary/Getty Images/AFP)

É fato que praticamente tudo o que o sai da boca do líder da Igreja Católica vira tópico para longos debates. Ainda mais quando uma figura popular como a do papa Francisco é quem está diante dos fiéis, sem medo de tocar em temas tabus. Imagine então o alvoroço causado por uma fala de Francisco envolvendo animais?

A fala fez parte de uma recente catequese na Praça de São Pedro, na qual Francisco falou: “É bom pensar no Céu. Todos nos encontraremos lá, todos. (...) A Sagrada Escritura nos ensina que o cumprimento desse projeto maravilhoso não pode deixar de abranger tudo o que está ao nosso redor e que saiu do pensamento e do coração de Deus. O apóstolo Paulo afirma isso de forma explícita, quando diz que “também ela (a criação) será libertada do cativeiro da corrupção, para participar da gloriosa liberdade dos filhos de Deus”.

O pontífice falou ainda da renovação do universo e ressaltou: “não se trata de aniquilar o cosmos e tudo o que nos circunda, mas de levar todas as coisas à sua plenitude de ser, de verdade e de beleza”. O jornal Corriere della Sera destacou que as palavras do pontífice “ampliaram a esperança de salvação e beatitude escatológica dos animais e de toda a criação”.
O resultado pôde logo ser verificado nas associações de defesa dos animais. “Minha caixa de mensagens ficou lotada”, disse ao jornal The New York Times Christine Gutleben, diretora da Sociedade Humana, maior grupo de proteção animal dos Estados Unidos. “Quase imediatamente, todo mundo estava falando sobre isso”.

Charles Camosy, professor de ética cristã da Universidade Fordham, em Nova York, considera difícil saber com precisão o que Francisco quis dizer, uma vez que ele falou “em linguagem pastoral que não é realmente feita para ser dissecada por acadêmicos”. No entanto, questionado se as palavras do sumo pontífice haviam provocado debate sobre se os animais têm ou não têm alma e vão ou não vão para o céu, respondeu sem relutar: “Com certeza”.

Contudo, teólogos advertiram para a animação em torno da fala de Francisco. “Todos nós dizemos que haverá uma continuidade entre este mundo e um mais alegre no futuro, mas também uma transformação”, disse ao jornal britânico The Guardian Gianni Colzani, professor emérito de teologia na Pontifícia Universidade Urbaniana, em Roma. “O equilíbrio entre as duas coisas é que nós não estamos em condição de determinar. Por esta razão, eu acho que nós não devemos fazer o papa dizer mais do que ele disse”.

O Corriere lembra que o tema é recorrente na Igreja Católica, e que o papa Paulo VI teria consolado um menino pela morte de seu cachorro dizendo que “um dia, vamos rever nossos animais na eternidade de Cristo”. Por outro lado, o papa Bento XVI disse em uma homilia em 2007 que “em outras criaturas que não são chamadas à eternidade, a morte significa apenas o fim da vida sobre a Terra”.

Vegetarianismo – O debate também envolve certa dose de oportunismo, com Sarah Withrow, diretora da organização pró-animais Peta, dizendo que as palavras de Francisco podem influenciar os hábitos de consumo dos católicos. “Eu não sou uma historiadora católica, mas o mote da Peta é que os animais não são nossos, e os cristãos concordam com isso. Os animais não são nossos, são de Deus”, disse ao NYT.

Dave Warner, porta-voz do Conselho Nacional de Produtores de Suínos, rebateu: “Como aconteceu com outras coisas que o papa Francisco disse, seus comentários recentes sobre todos os animais irem para o céu foram mal interpretados. Eles certamente não significam que abater e comer animais é pecado”.











quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Terapias usam a Música





por Marina Kuzuyabu


Há apenas 15 anos, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu a importância de inserir a musicoterapia nos centros multidisciplinares de saúde. Contudo, há séculos a música é utilizada com fins restauradores pelo homem.

Um dos registros mais antigos sobre o uso da técnica foi deixado pelo médico e filósofo persa Avicena (980-1031), que prescrevia canções, além de opiáceos, para aliviar a dor. Atualmente, há clínicas integralmente dedicadas ao método, além de hospitais que adotam, além da musicoterapia, a cantoterapia.

Segundo Meca Vargas, fundadora, coordenadora e docente do Antropomúsica, curso de formação em música com viés pedagógico e terapêutico, a técnica ajuda em casos de reumatismo, Parkinson, fibromialgia, esclerose múltipla, disfunções vocais e de fala, depressão, insônia, pânico, problemas respiratórios, entre outras disfunções.

Segundo a terapeuta, o efeito no organismo se dá pela vibração do som, que "desbloqueia o sistema nervoso, ativa o sistema glandular, leva ritmo ao sistema cardiopulmonar, libera tensões musculares e coloca em movimento o sistema metabólico-locomotor".


Ação global


As reações são psicofisiológicas, como define Sheila Volpi, vice-coordenadora do curso de Musicoterapia da Faculdade de Artes do Paraná (FAP). "É comum associar a música somente ao sentido da audição, mas ela também é percebida pelo sistema tátil. Ao ser captada pelo corpo, provoca efeitos de natureza biológica e emocional, além de movimentos corporais", diz.

Maristela Smith, fundadora e coordenadora dos cursos de graduação e pós-graduação em Musicoterapia e da Clínica-Escola das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), acrescenta que a técnica ainda estimula centros nervosos e proporciona um aumento nos níveis de neurotransmissores responsáveis pelo equilíbrio.

No consultório mantido pela FMU, são tratadas pessoas com problemas de comunicação e de relacionamento, além de portadores de patologias neurológicas. Segundo a especialista, além destas aplicações, também se nota um grande interesse por parte de hospitais e clínicas odontológicas em adotar o tratamento para diminuir a dor e o grau de estresse pós-cirúrgico.

Podem ser tratados casos como depressão, insônia e pânico, entre outras disfunções







Tratamento técnico e personalizado


Mesmo quem não apresenta qualquer disfunção pode fazer uso da terapia, que, nesses casos, assume uma função preventiva. Luisiana Passarini, do Centro de Musicoterapia Benenzon Brasil, cita, entre os benefícios, o fortalecimento do vínculo afetivo entre mães (incluindo gestantes) e bebês e a promoção do autoconhecimento entre adultos. 

Seja qual for a indicação, cada caso envolve uma prescrição específica de melodias, escolhidas conforme o tratamento a ser realizado e as características físicas, mentais e sociais do paciente. Esse histórico também abrange o contexto cultural em que o indivíduo cresceu e vive atualmente, como ressalta Vargas. O mesmo procedimento vale para os trabalhos em grupo.

Não há restrição de estilos ou gêneros. O importante é que a música atue como um meio de transformação e jamais reforce a patologia. No caso da cantoterapia e das sessões que envolvem o uso de instrumentos sonoros, a composição também deve ser de fácil execução. "Nas ocasiões em que é priorizada a audição, pode-se usar um CD com orquestrações mais complexas", complementa a especialista, que também é regente, cantora e violinista.



Como o trabalho é conduzido


Em média, as sessões duram entre uma hora e uma hora e meia. A sequência das ações depende de cada caso. "O paciente psiquiátrico, por exemplo, é recebido com um diálogo sobre as atividades da semana e, depois disso, realiza algumas atividades de motricidade, coordenação, pulso, respiração e concentração, entre outros", esclarece.

Cumprida essa etapa, ele então é levado a se expressar por meio do canto ou dos instrumentos à disposição. Os portadores de patologias respiratórias, por sua vez, têm uma terapia mais focada em exercícios que trabalham especificamente o sistema respiratório.

Passarini ressalta que o tratamento pode ainda ser empregado em pacientes em coma. Reações como suor, ruborização da pele e arrepios são alguns dos parâmetros usados pelos profissionais para conduzir a sessão. 


Indicações e acompanhamento



Em geral, Vargas afirma que são necessárias 12 sessões para que o indivíduo "mergulhe" na terapia e extraia dela uma parcela maior de benefícios. Apesar disso, a resposta dos pacientes ao tratamento varia de caso para caso.

"O terapeuta deve estar atento ao processo para perceber a evolução da pessoa e os limites de sua atuação. A alta é dada quando um estágio satisfatório é alcançado ou quando surge a necessidade de buscar outro caminho", afirma. Outra possibilidade é seguir com o tratamento visando manter a qualidade de vida, como afirma Passarini.

Para acompanhar o quadro, o especialista pode ainda contar com o apoio de familiares e de médicos envolvidos no tratamento. Smith explica que, na Clínica-Escola da FMU, há muitos encaminhamentos de neurologistas e psiquiatras, além de psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e enfermeiros.

Em outros casos, o trabalho multidisciplinar é feito em conjunto, no mesmo local. Passarini informa que os profissionais do instituto atuam em prontos-socorros infantis e Unidades de Terapias Intensivas (UTI) de hospitais de São Paulo.



Prática cotidiana x terapia


No cotidiano, o simples ato de ouvir músicas, cantar e tocar instrumentos pode proporcionar bem-estar para o organismo. Porém, os especialistas ressaltam que para que seja estabelecido um trabalho terapêutico, a presença de um profissional habilitado é fundamental.

"É preciso ter conhecimentos que possibilitem compreender os processos psíquicos, emocionais, físicos, biológicos, grupais que se apresentam durante as sessões", finaliza Volpi.










sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Ágape também pode ser Parte de um Ritual




A espiritualidade é regida pelo princípio da temperança. O caminho de Buda é o arcano XIIII do tarot. Nem muito, nem pouco; o necessário. Quanto maior o conhecimento dos dois lados mais justa e perfeita será a justa medida. Quanto maior o anjo maior o demônio. A busca espiritual é regida pela lei da dualidade e a dualidade não é apenas o maniqueísmo entre o bem e o mal, mas também o número 2. Todas as leis cósmicas estão em harmonia e não existe lei cósmica alguma que possa ser interpretada à sombra das outras. As leis cósmicas são luzes e luzes se somam, não se anulam. Assim como o 1 faz o 2 o 2 faz o 3. A dualidade do 2 gera a trindade do 3 e o 3 é o caminho do meio. Os dois caminhos opostos geram um terceiro: o caminho do meio. Sem o 2 não há o 3. É preciso passar pelo 2 para chegar ao 3. Quem se isola no 1 não alcança o 2 e quem não passa pelo 2 não chega ao 3 e o 3 é o objetivo. O 2 possui o 1 e o 3 possui o 2 e o 3. No 3 está a lei dos ciclos, quando tendo completado a volta se compreende o todo em harmonia alcançando-se uma nova etapa de compreensão. O 3 é o objetivo e não se alcança um objetivo sem percorrer as etapas necessárias. É preciso compreender o 1 e o 2 para chegar ao 3. O 3 compreende o 2 e o 1 e o 2 compreende o 1.

Todo ensinamento exotérico da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) possui o seu equivalente esotérico e vice-versa. Não há dogma da ICAR que vá de encontro à Verdade, pois os dogmas da ICAR são as manifestações da Verdade no 1. O caminho do 1 é o exotérico, é o dogma. O caminho do 2 é o esotérico; o esotérico existente no dogma no 1 e que acaba sendo erroneamente interpretado pelas pessoas como uma mera negativa ou antítese do dogma. A ignorância do 2 resulta na ignorância do maniqueísmo de seguir e negar cega e sumariamente todo dogma. O caminho do 3 é a ciência do 1 e do 2; a compreensão da harmonia e da unidade entre o exotérico e o esotérico. O 3 é a percepção da visão de Deus da ponta de cima do triângulo e de que Deus está além do bem e do mal porque está acima. O maçom, como buscador da Verdade, não pode ser escravo do maniqueísmo entre as pontas de baixo do triângulo, pois seu objetivo é ser como Deus e Deus não está nas pontas de baixo. Tanto não cabe ao maçom ser escravo do dogma quanto não lhe cabe ser escravo da absoluta e completa rejeição do mesmo, pois então não seria livre. O maçom deve ser o 3 e o 3 é o equilíbrio, resultante da ciência do bem e do mal, entre o 1 e o 2.

O ágape na atual maçonaria especulativa não é uma exclusividade da atual maçonaria especulativa. O ágape é tão antigo quanto as escolas de mistérios no planeta Terra. Se engana o maçom que pensa que o ágape foi inventado pela maçonaria e que após as sessões ele faz algo jamais visto no mundo. O ágape sempre fez parte das reuniões entre os Iniciados, inclusive desde a antiguidade. 

Entretanto, o modo como o ágape vem sendo conduzido pela atual maçonaria especulativa está cada vez mais distante do verdadeiro sentido do ágape para uma ordem iniciática como a maçonaria. Cada vez mais o ágape vem sendo conduzido como uma mera confraternização entre os irmãos após as sessões. 

Assim como no mundo profano as pessoas se reúnem pelos mais diversos motivos para comer e beber, os maçons têm conduzido o ágape como uma mera reunião de comes e bebes entre amigos, esquecendo-se do caráter sagrado do ágape que deve haver na maçonaria, pois a maçonaria é sagrada e o sagrado deve gerar o sagrado, assim como o profano gera o profano. O ágape na maçonaria não deve ser uma mera confraternização entre irmãos, mas deve ser o que sempre foi para os Iniciados: uma parte do ritual.

Quando uma pessoa recebe um comentário negativo de alguém ela se coloca em uma posição de perfeição negando sumariamente o comentário que recebeu e desqualifica seu crítico para desqualificar o comentário recebido. A pessoa criticada sequer chega a ponderar sobre o comentário negativo que recebeu para avaliar o quanto aquilo poderia estar correto. 

Muita baboseira é dita em relação à maçonaria, mas algumas coisas acabam tendo sentido se considerada a postura como a atual maçonaria especulativa vem conduzindo a maçonaria. Há quem diga que a maçonaria é uma mera reunião de homens que se juntam para comer e beber. Em termos tal afirmação não há de ser desqualificada, considerando que a atual maçonaria especulativa vê o ágape como uma mera confraternização entre os irmãos após as sessões para estreitar os laços fraternos. 

Se a maçonaria não concorda com a opinião dos que dizem que ela é uma mera reunião de homens que se juntam para comer e beber, a maçonaria deveria avaliar se o seu ágape não se transformou em uma mera confraternização com comida e bebida. A transformação da visão externa é de dentro para fora, inclusive a maneira de como o mundo profano vê a maçonaria.

O ágape sempre fez parte dos rituais dos Iniciados. Hoje o acesso a um templo é fácil e cômodo. É possível encontrar lojas maçônicas na esquina, no próprio bairro e a poucos minutos de automóvel. Na antiguidade o caminho até um templo era difícil para muitos. Iniciados faziam verdadeiras peregrinações, até mesmo de meses, para chegar a um templo. 

Os templos ficavam até mesmo em lugares de difícil acesso físico para que se ocultassem dos olhares profanos. Tudo era mais difícil no plano material. O ágape na antiguidade era também uma forma de satisfazer a necessidade fisiológica de nutrição após todo o esforço físico para participar de um ritual. Pessoas que tinham passado por grandes restrições físicas para chegar ao templo e participar do ritual tinham então o momento para se alimentar e se recompor. 

O Iniciado, mesmo após todo o esforço físico para participar de um ritual, faminto, diante da oportunidade de saciar sua fome e sem certezas sobre o seu retorno, se portava de uma forma introspectiva e contemplativa, pois o Iniciado sabe da importância da introspecção e da contemplação. A sabedoria vem pela introspecção e contemplação e não é à toa que o mundo profano trabalha contra isto, inclusive demonizando tais comportamentos.



Pessoas gostam de rezar ou orar antes de suas refeições como uma forma de gratidão a Deus pelo alimento. Mas basta que digam o “amém” para que comecem a comer feito porcos. À mesa gritam, faltam alto, deixam a televisão e o aparelho de som ligados da pior maneira possível, falam de assuntos absurdamente tolos, inúteis e abomináveis, atacam verbalmente os outros, presentes ou não, com indiretas ou diretas, falam sobre as intimidades das relações sexuais, inclusive sobre a vida sexual dos outros, e tratam o ritual de alimentação como se estivessem defecando no banheiro. É evidente que não adianta agradecer a Deus antes de comer e depois comer com o Diabo, fazendo do ritual de alimentação um banquete no inferno. 

A “gratidão” a Deus, essa “gratidão” que virou moda falar para tudo quanto é coisa – “gratidão” para cá, “gratidão” para lá -, não se dá por palavras, mas pela conduta. Assim como o que importa em relação ao Amor não são as palavras, mas a conduta. A gratidão a Deus pelo alimento não vem pelas rezas e orações ou por só comer verdurinhas, mas pelo respeito ao ato de se alimentar, alimentando-se conscientemente durante todo o ritual de alimentação, estando consciente do que aquilo representa na Criação.

A maçonaria preza pela fraternidade não apenas entre os irmãos, mas também com as cunhadas e os sobrinhos. Isto é bom, mas a obrigação ritualística deve sempre ser obedecida e estar acima dos interesses pessoais e transitórios. 

Um dos objetivos do maçom como iniciado em uma ordem iniciática é perpetuar a ordem através da obediência incondicional às leis maçônicas e à ritualística. Da mesma forma que as cunhadas e os sobrinhos não participam das sessões fechadas também não devem participar do ágape, pois o ágape faz parte do ritual. 

A maçonaria dá às cunhadas e aos sobrinhos incontáveis oportunidades de viverem a fraternidade maçônica, mas esta confraternização não deve ser feita no ágape. A função do ágape não é confraternizar. Quando um homem ingressa na maçonaria, por mais que a ordem inclua a família do maçom, este é o seu caminho. A evolução espiritual é sempre um caminho individual. Cada um evolui conforme seus próprios méritos. Todos evoluem individualmente e se a maçonaria é o caminho do maçom, as cunhadas e os sobrinhos também terão os seus caminhos. O desejo de ser amigo de todo mundo não pode se colocar acima da obediência à ritualística.

O caminho do 1 é o caminho do medo; o de se subjugar a Deus por temer os efeitos da desobediência – a ira de Deus e o sofrimento eterno da alma -. No caminho do 1 há o Deus que criou o homem para adorá-lo e isto se traduz no temor a Deus por ele ser todo poderoso. Se no caminho do 1 há o temor a Deus pelo receio dos efeitos da desobediência, no caminho incompreendido do 2 há o Deus que não precisa ser temido, pois “Deus é amor”, e o temer a Deus do 1 é apenas uma forma de opressão e controle. 

No 1 há o temor a Deus e no 2 incompreendido – compreendido no maniqueísmo e como antítese do 1 – nega-se a necessidade de temer a Deus. O 3 mostra que pode haver Amor no reconhecimento do poder de Deus. O maçom só é maçom quando compreende o 3 e vive em paz com o reconhecimento do poder supremo do Supremo Arquiteto do Universo. Para quem vive o 1 e não compreende o Amor de Deus, Deus deve ser apenas temido; para quem vive o 2 e não compreende o poder de Deus, Deus é apenas um bom camarada, mas quem vive o 3 compreende que amar a Deus, ser amado por Deus e estar sujeito ao seu poder supremo podem estar em harmonia. Os dogmas da ICAR que ressaltam o poder de Deus fazem parte do triângulo equilátero.

A compreensão do 3 pelo maçom resulta em seu respeito a Deus e ao modo como Deus faz as coisas; o respeito que vem não pelo medo, mas justamente por viver a harmonia entre amar a Deus, ser amado por Deus e estar sujeito ao seu poder supremo. A alimentação é um dos modos de como Deus faz as coisas. O processo de se alimentar é o sistema que Deus tem para o homem se nutrir e se Deus tem este sistema ele deve ser respeitado. 

O Iniciado respeita o ágape porque no ágape o homem se alimenta e a alimentação é como Deus faz as coisas. Por isto a alimentação deve ser respeitada e ser feita com consciência, na introspecção e contemplação natural que acompanham todo Iniciado. Em todo o processo da alimentação o Iniciado deve estar ciente de que este é o modo como Deus faz as coisas e respeitar este ato é respeitar o próprio Deus. Os Iniciados da antiguidade realizavam o ágape como parte do ritual pela consciência da importância da alimentação por ser a alimentação o modo como Deus faz as coisas, não para confraternizar. Os Iniciados tinham tanta consciência do sagrado que tornavam tudo sagrado, inclusive o ato de se alimentar. O Iniciado consagra, o profano profana. O ágape deve ser consagrado, não profanado.

O ágape não é uma mera confraternização de pessoas que se reúnem para comer e beber bem, mas é parte do ritual. Sendo parte do ritual, o ágape deve ser conduzido e respeitado como tal, assim como se conduz e se respeita o ritual dentro do templo. Em seu escopo de estreitar os laços da fraternidade o ágape não é um fim, é um meio. Os maçons não devem ter o ágape para comemorar a fraternidade, mas para estreitar os laços que os levarão às coisas maiores em favor da humanidade. A informalidade do ágape abre portas que não poderiam ser abertas no ritual, mas as portas são muitas e cabe a cada maçom escolher qual porta quer abrir, já que as chaves lhe serão dadas. 

Há os que consideram a maçonaria como uma associação de homens de negócios que se reúnem com o intuito de estreitar as relações comerciais e utilizam o ágape para estreitar tais relações, vendo o ágape como a oportunidade para conversar sobre negócios e ganhar dinheiro. É na liberdade da informalidade do ágape que cada maçom irá externalizar o que verdadeiramente espera da maçonaria. A última ceia de Jesus Cristo foi um ágape e aqueles que Jesus expulsou do templo foram aqueles que queriam se aproveitar das escolas de mistérios para enriquecer.




quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

O Ritual da Lavagem do Senhor do Bonfim





por Cíntia Costa


Na Bahia, na segunda quinta-feira depois do Dia de Reis, duas religiões que sempre viveram às turras se unem para um ritual religioso em comum – a lavagem da escada da Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, no bairro Bonfim, em Salvador. 

Nesse dia, católicos e adeptos do candomblé percorrem juntos 8 km de ruas baianas, cantando hinos de adoração às duas principais divindades de cada crença, Nosso Senhor Jesus Cristo e Oxalá, configurando um dos maiores exemplos brasileiros do fenômeno de fusão de religiões conhecido como sincretismo. Mas o mais curioso da festa é que o centro do ritual, a escada, tem apenas 10 degraus, em torno dos quais cerca de 1 milhão de pessoas se reúne anualmente.



A inusitada parceria entre as religiões tem origem na época da escravatura, quando portugueses e escravos, juntos, preparavam a capela para a festa de encerramento da novena de devoção ao Nosso Senhor do Bonfim.

A imagem do homenageado é uma réplica em madeira de 1,06 metro de outra do Cristo que é venerada em Setúbal (Portugal) e foi trazida ao Brasil em 1745 pelo capitão de Mar e Guerra Teodósio Rodrigues de Faria, português devoto. Ela foi instalada primeiramente na Capela de Nossa Senhora da Penha de França, em Itapagipe (MG), durante a Páscoa, e lá ficou até ganhar uma igreja em 1754, em Bonfim, em Salvador (Bahia), terra que lhe rendeu o nome.

Em 1804, foi instituída pelo papa Pio 7 a novena ao Nosso Senhor do Bonfim. A duração de nove dias é uma referência ao intervalo entre a ascensão de Jesus Cristo ao céu após a ressurreição e a descida do Espírito Santo narrada na Bíblia. Nesse período, os fiéis se reúnem em missas noturnas com música e orações. A novena culmina em uma missa festiva na manhã do último dia, o segundo domingo depois da Festa de Reis.

Na quinta-feira anterior à festa de encerramento, os senhores portugueses faziam seus escravos prepararem o templo juntamente com os fiéis, limpando e enfeitando a igreja por dentro e por fora. Vindos da África, os escravos eram obrigados a aderir ao catolicismo, a despeito de sua crença de origem, segundo Josildete Consorte, antropóloga e pesquisadora de sincretismo afro-católico. Para manter suas tradições religiosas, eles faziam associações entre divindades cristãs e entidades do candomblé. Assim, a preparação da igreja foi transformada em ato de louvor à principal entidade do candomblé: Oxalá, o orixá associado ao Nosso Senhor do Bonfim.




Até o fim dos anos 1950, a tradição tinha uma característica popular, e a igreja era efetivamente lavada pelos participantes. A partir da década de 60, quando a Bahia se transformou em pólo turístico e o ritual começou a reunir multidões, por razões de segurança, a lavagem passou a ser simbólica e a acontecer apenas do lado de fora da igreja, que mantém suas portas fechadas no dia, deixando acessível apenas a escada de acesso.

Além dos fiéis, participam bandas, grupos de manifestação folclórica, turistas e curiosos. Muitos se vestem de branco para a ocasião, que é a cor de Oxalá. Mulheres trajadas de baianas, com vestidos brancos, turbantes e braceletes, lideram o cortejo, que sai da Igreja da Conceição da Praia, no bairro Dois de Julho em Salvador (BA), por volta das 10 horas da manhã, após o término de uma missa. Elas seguem carregando vasos com a água perfumada que é derramada nos degraus da Igreja de Nosso Senhor do Bonfim.





O líquido é preparado nos terreiros de candomblé de um a sete dias antes do rito. O perfume vem de folhas e ervas cheirosas, como laranjeira, manjericão, macaçá e alfazema e de água de levante, explica a Mãe de Santo Benizaura Rocha de Almeida, do terreiro Luanda Junça (Salvador, BA). A mistura fica em repouso em uma sala sagrada de culto para a materialização da força do orixá até o dia da festa, segundo o babalorixá (sacerdote) Alexandre T´Ogun Olumaki (Alexandre Soares de Almeida Sampaio Leite), do terreiro Ilê Axé Ogun Atojá, em São Paulo. Além de servir para lavar os degraus da capela, a água é usada também para ungir pelo caminho os participantes que buscam proteção espiritual. O ritual termina em festa, animada por música e comidas e bebidas típicas vendidas nas barracas que são montadas ao redor da igreja.




Apesar do clima de confraternização, o cientista religioso Afonso Soares, da Pós-Graduação da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), explica que este tipo de equilíbrio entre as duas crenças não é fácil, pois existem atritos entre as religiões cristãs e as afro-brasileiras. Existem, inclusive, movimentos no sentido contrário ao sincretismo, que visam separar o candomblé do catolicismo.

A razão para tal tolerância na lavagem das escadas é que o evento é considerado mais uma festa profana com forte apelo turístico que um rito religioso, segundo a prefeitura soteropolitana. O evento reúne todos os anos cerca de 1 milhão de pessoas, segundo dados da prefeitura de Salvador, e é o segundo maior da cidade, perdendo apenas para o Carnaval.




quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

O Significado do Carnaval



Carnaval ou entrudo são os três dias de folia que precedem a quarta feira de cinzas. É uma palavra que tem origem no latim "carna vale" que significa dizer "adeus à carne".

O carnaval chegou ao Brasil através das festas que ocorriam na Europa, principalmente na Itália e na França, no século XVII. As fantasias de pierrô e de colombina foram logo incorporadas ao carnaval brasileiro.




No início as festas de carnaval aconteciam nas ruas, com desfiles de fantasias depois, passaram a ser realizadas nos clubes, onde eram tocadas as marchas, os sambas e os frevos preparados para os festejos.

Hoje algumas cidades se destacam nas festas de carnaval. No Rio de Janeiro são os desfiles das escolas de samba, em Salvador são os trios elétricos que tomam conta das ruas da cidade, no Recife o bloco "O Galo da Madrugada" que sai às ruas no sábado de carnaval, pelo centro da cidade e já entrou para o livro dos recordes, como o maior bloco de carnaval do mundo. Em Olinda, os bonecos gigantes desfilam pelas ladeiras da cidade Patrimônio da Humanidade.

O período do Carnaval muitas vezes é caracterizado pela inversão das normas aceitas pelo sociedade, sendo que alguns comportamentos são tolerados só durante esta época festiva.

As manifestações mais populares do Carnaval são os bailes de máscaras e desfiles carnavalescos. O mais popular desfile de carnaval acontece no Rio de Janeiro, na marquês de Sapucaí, onde ocorre o desfile tradicional das escolas de samba.

Em sentido figurado a palavra Carnaval pode significar folguedo, folia ou confusão. Ex: Quando a professora entrou na sala, encontrou o maior Carnaval.


Origem do Carnaval


A origem do Carnaval está relacionada com determinados rituais de fecundidade da terra, que eram organizados na passagem de ano e no início da Primavera. No entanto, com o aparecimento do Cristianismo o Carnaval perdeu um pouco do seu caráter simbólico e místico.

Os bailes de máscaras foram criados na França, no século XVII mas rapidamente ficaram populares em outros países europeus. Durante o Renascimento, as festas carnavalescas atingiram uma grande popularidade, principalmente na Itália (em Roma e Veneza).

Atualmente, o Carnaval perdeu a sua espontaneidade popular em quase todas as suas manifestações, passando a ser uma mera atração turística. No Brasil, apesar do Carnaval ter uma grande componente turística, ainda mantém a sua espontaneidade (principalmente no Rio de Janeiro e Bahia), que se fortaleceu através do folclore.


Igreja Católica e Carnaval


O carnaval é celebrado 40 dias antes da Páscoa, desde o sécilo XI. Este período é chamado pela Igreja Católica de Quaresma, que preserva quarenta dias de jejum, com abstinência de carne. Este período é caracterizado por muitas privações e por incentivar aqueles festejos carnavalescos onde a própria palavra carnaval indica os prazeres da carne. O carnaval acontece geralmente durante três dias que antecedem a Quarta-feira de Cinzas. A terça-feira de carnaval é chamada de Terça-feira gorda, ou "Mardi Gras" como dizem os franceses.


Carnaval na Itália


O carnaval na cidade de Veneza é uma tradição desde o século XVII, e sua característica maior são as máscaras, porque os nobres gostavam da diversão e para não chamarem a atenção do povo se disfarçavam escondidos atrás das máscaras. Os trajes utilizados ainda são os mesmos daquele período, as mulheres com vestidos longos ricamente enfeitados e os homens de libré ou roupas de seda preta e chapéus de três pontas.


segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Chakras e Cristais


 Por Norma Estrella 

Chakra é cada um dos pontos energéticos do nosso corpo e, apesar de existirem em grande número, trataremos apenas dos sete mais importantes, que funcionam como matriz ou fonte para os outros. Cada chakra tem sua 

representação, localização, órgão motor, cor, glândula e emoções próprias. Os sete chakras principais são o básico, o umbilical ou esplênico, o plexo solar, o cardíaco, o laríngeo, o frontal (também chamado de terceira visão) e o coronário.

As pedras coloridas além de serem classificadas pela dureza de Mohs como duras, médias ou moles e de suas diferentes composições químicas, também podem ser divididas, conforme suas cores, pelos diferentes chakras. Veja algumas:




Granada


É considerada uma pedra dura, pois possui dureza de Mohs 7,5. Está ligada ao elemento fogo, e possui em sua composição química o silicato de alumínio, o magnésio, ferro e manganês.

É uma pedra de um vermelho vivo, algumas vezes confundido com o marrom. Trabalha mais ao nível do estímulo mental, fazendo-nos entender por onde, quando e como devemos nos mover. Desenvolve a força de vontade, auxiliando no tratamento das doenças psicossomáticas. Atira-nos de frente nos acontecimentos.

Faz uma excelente dupla com a dolomita ou com o jasper vermelho, ou seja: a granada me ajuda a decidir o que eu vou fazer, o jasper vermelho ou a dolomita me fazem partir para executar o que eu decidi.

É também uma pedra de proteção tanto energética quanto física. Há quem use uma granada para proteger-se do ataque de ladrões.

A granada é utilizada para aliviar hemorragias, principalmente uterinas. Também ajuda em casos de anemia, potência sexual, herpes, doenças venéreas e do sistema ósseo.

Jasper vermelho


Também é considerada uma pedra dura, de dureza de Mohs 7. Está ligada também ao elemento fogo, e possui o óxido de silício em sua composição química.

Além do jasper vermelho, esta pedra é encontrada em outras cores: verde, castanho e mosqueado.

O jasper vermelho além de poder ser chamado "a pedra da decisão, também pode ser usado em problemas intestinais, na coagulação do sangue, em problemas de circulação, e para ativar o sistema imunológico.

O jasper castanho é usado para centramento, para trazer para a Terra pessoas que vivem com a cabeça nas nuvens.

Hematita


Também classificada como uma pedra dura, possui dureza de Mohs 6,5. Ligada aos elementos fogo e terra, é formada pelo óxido de ferro.

É uma pedra de aparência cinza, quase prateada, o que se deve a uma intensa concentração de pigmentos vermelhos. Contém alta quantidade de ferro, como o sangue humano. Por isto, é a pedra por excelência para tratar de questões sanguíneas. Num sentido figurado, favorece a nossa circulação mais correta: a pedra que nos diz por onde circular melhor dentro das situações que se apresentam.

Levar um pedaço grande de hematita junto ao corpo numa reunião onde o objetivo é um novo campo de trabalho, faz com que você se comporte da maneira mais correta e producente, conseguindo distinguir com quem e como se deve falar para melhor atingir os seus objetivos.